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Como criar filhos diante de um mundo preconceituoso?

Cada um do seu jeito, é preciso respeito - Getty Images
Getty Images

Publicado em 13/11/2020, às 08h59 - Atualizado às 09h17 por Toda Família Preta Importa


**Texto por Raquel Francisco Costa, mãe do João, casada, filha e irmã de mulheres incríveis, responsável pelo @facetasdeumamulher, que começou como acolhimento para mães e acabou me sendo um acolhimento para si própria

Cada um do seu jeito, é preciso respeito (Foto: Getty Images)

O preconceito, normalmente, começa sem que tenhamos nos dado conta, sutilmente com base em algo que desconhecemos. Às vezes o preconceito é tão velado que demoramos para notar que estamos sofrendo ou praticando. Em uma das periferias da capital de São Paulo, havia uma menina que muitas vezes, teve seus pés sujos de lama ao sair de sua casa até chegar ao final da viela que na época, não tinha asfalto e nem saneamento básico.

Essa mesma menina, quando seus sapatos já estavam gastos, suas roupas eram novas e quando as roupas eram gastas, seus sapatos estavam novos; não era possível comprar ambos ao mesmo tempo, isso quando não eram recebidos de doação. Cozinhava aos dez anos de idade e cuidava das duas irmãs menores, pois a mãe precisava trabalhar como auxiliar de limpeza em uma escola e ainda tinha que intercalar como diarista.

E lógico, que essa menina chegava na escola tímida, com vergonha da lama em seus sapatos. Que ela não pode desfrutar de sua infância como gostaria. Que não pode receber de sua mãe toda atenção que ela com certeza queria oferecer, mas não tinha escolha, pois, precisava trabalhar. Tinha que lidar com preconceitos sobre suas roupas, seus cabelos crespos, seus pés de lama, na escola, na rua… Não tendo ciência do que era essa palavra na época. Não tinha, por vezes, vontade de sair de casa ou estar na sala de aula, para não ouvir piadas ou enfrentar os olhares sobre a sua pessoa.

Entretanto, na sua casa, a mãe sempre incentivou os estudos e sua irmã mais velha, que além de ajudar na criação, foi exemplo: de estudos, sendo a primeira a ter uma graduação na família; juntas elas me ensinaram sobre: responsabilidade, possibilidade, união, afeto e amor. Como essa menina, existem várias pessoas neste país em situações complexas, mais vulneráveis, que infelizmente não têm amor e afeto em casa e nem fora. O preconceito nasce com base no desconhecido, por falta de noção da realidade em que essas pessoas vivem e do que elas sentem.

Raquel e a mãe são bem próximas (Foto: reprodução/Arquivo Pessoal)

O preconceito surge no bullying, que na minha época tinha outro nome: “brincadeira de criança”. Quando o cabelo crespo é visto como feio, bombril ou duro. Quando a cor da pele diminui seu intelecto. Quando não ter olhos claros diminui sua beleza. Ao ter vergonha de dizer onde mora ou de levar amigos na sua casa, para não ser alvo de piadas. Como ensinar crianças que passam por essa situação a trabalharem sua autoestima, não terem vergonha da sua realidade?

Eu, como mãe, me questiono como ensinar meu filho a lidar com o preconceito, por mais que anseie que ele cresça em um mundo sem preconceitos, este bate à porta e será por inúmeras razões: a cor da sua pele, seu cabelo, por ser homem. Preciso ensiná-lo como “andar” na rua sozinho quando crescer, a nunca sair sem RG… Dentre outros cuidados; Essa é nossa realidade. Tenho cada vez mais consciência que sou um exemplo, que só posso lhe ensinar o que também estou disposta a aprender. Com isso aprendo também que posso agir com preconceito, porque afinal quem não os tem, conscientemente ou não?

Colocar em prática o real significado da empatia é um dos grandes aliados para diminuir o preconceito. O preconceito que vem da grande desigualdade socioeconômica que existe em nosso país, na forma como excluímos ou invalidamos a pessoa com deficiência, existe na forma de tratar o nordestino, na forma de tratar o estrangeiro, nos padrões de beleza ditados pela moda; vai muito além do fator racial.

O preconceito é quebrado, quando eu escolho estar com uma pessoa, não pela sua classe social, cor da sua pele, seu porte físico ou por quem ela conhece. É quebrado, quando eu olho as pessoas e as vejo como seres humanos, pois “pessoas oprimidas não podem permanecer oprimidas para sempre. O anseio para liberdade eventualmente se manifesta” Martin Luther King Jr.

O Brasil tem mais de quinhentos anos, mesmo assim sinto que estamos muito distantes da ordem e do progresso, que estão em nossa bandeira. Os grupos de apoio são fundamentais. Precisamos estar em comunidades onde nos sentimos pertencer; Essas comunidades não precisam ser antagônicas, ignorando as demais realidades, mas deveria haver uma sinergia para o bem estar de todos.

Para o filho, Raquel busca ser o exemplo (Foto: reprodução/Arquivo Pessoal)

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