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Por que assistir “Divertida Mente”

Divertida_Mente 2

Publicado em 03/07/2015, às 14h45 - Atualizado às 14h47 por Ligia Pacheco


Divertida_Mente 2

Divertida Mente, no original Inside Out, é uma animação que vale levar a criançada, mas vale muito para os pais. Por que? Porque mostra o que acontece dentro do cérebro de uma menina, Riley, ao passar por desafios gerados por uma grande mudança em sua vida. Entender o que ocorre dentro do  cérebro amplia as oportunidades de ajudar por fora. Seja ao mudar de cidade, ao bater no amigo, ao sofrer bullying, ao perder alguém querido, quando os pais se separam, enfim. A ideia aqui é conhecer e ajudar a criança a se conhecer para melhor escolher as estratégias de ações e adaptações necessárias às mudanças. “Mas, o filme é bem difícil de entender”, disse um garoto de sete anos. Assim, prepare o seu filho antes para o que ele vai ver.

O filme é mais didático do que científico, mas dá uma boa noção do funcionamento cerebral frente aos desafios diários. As memórias não são bolas e nem estão organizadas em prateleiras nas ondas do córtex. E o pensamento está mais para uma teia de aranha do que para um trem em uma linha. Mas, o filme chama a atenção para pontos importantes como o papel das emoções, as construções das memórias, a importância do sono, a elaboração da personalidade. E vou aqui explorá-los, pois são fundamentais para os pais aprofundarem para melhor agirem.

Como funcionamos por dentro

A criança e cada um de nós interage com o meio. Muitos estímulos são a nós disponibilizados, mas só alguns entram em nosso cérebro. E desses, alguns ficam retidos em nós em forma de memória. E a partir dessas memórias conseguimos perceber os estímulos que nos são apresentados no mundo externo. Ou seja, quanto mais memórias dentro, mais se “vê” fora. E aqui cabe Fernando Pessoa quando dizia: “Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura.” Reforço que as experiências, aprendizagens e memórias da criança serão base para perceber e agir no (e com) o mundo e aprender mais dele e de si. Então, possibilite ao seu filho diversificadas, ricas e engrandecedoras experiências, pois elas dirão muito do seu ser.

Os estímulos vindos das experiências relacionadas a fatos e conceitos que o seu filho teve durante o dia, e que entraram no córtex cerebral através dos sentidos, migram para o hipocampo, uma região ligada a emoção. Se a experiência tiver sido emocionalmente forte ou se ele recordá-la algumas vezes, com a ajuda do hipocampo ela será transferirá de volta ao córtex onde ficam as memórias de longa duração. Atenção! Boa parte desse processo ocorre durante o sono. Ou seja, quer que o seu filho vá bem na prova? Quer que não esqueça aprendizados importantes?

Ensine-o a estudar bem, tempere o que aprende com emoção e faça-o dormir. Pois durante  o sono o cérebro tem várias funções, menos a de descansar. Além de equilibrar e regular nossos sistemas vitais, ele passa por um período de intensa reestruturação. Irá organizar, limpar e consolidar memórias. E ainda dá tempo para sonhar, fazer a seu modo uma reflexão do que foi vivido e até nos surpreender com soluções que acordados nem poderíamos sonhar. Ou seja, dormir não é perder tempo.

Outra grande dica é saber que os estímulos que recebemos não vêm com emoções. Somos nós que damos emoções a eles. Quem colocaremos na “sala de comando”? Mas são elas, as emoções, que por tanto tempo foram preteridas em nome da razão, que ganham espaço no filme e no cenário científico. Alegria, tristeza, medo, raiva, nojo são as emoções básicas existentes nos humanos de qualquer cultura que conflituam o tempo todo nas decisões da pequena Riley e de todos nós. E mostram como são fundamentais ao modo como percebemos o mundo, aprendemos e nos comportamos diante dele. Se a criança está para baixo, a tristeza mostra-se no comando, influenciando o modo como ela verá e agirá nesse mundo sem cor.

Já com a alegria no comando, o mundo ganha cor e calor e a vida fica mais prazerosa e aberta a novas possibilidades. Mas há os conflitos emocionais, tão comuns a todos, e que são de grande importância. Possibilitam-nos ao desenvolvimento da inteligência emocional. Assim, devemos sim apoiar e orientar os filhos, mas é preciso que eles vivam a emoção para conhecê-la e saber administrá-la. Privar seu filho de sentir pode ser uma grande desproteção. Observe no filme que para a menina resgatar a alegria teve que entristecer muitas memórias. E reconstruir a sua personalidade.

Note que Riley interaje com o mundo e com as suas dificuldades a partir de sua personalidade formada por “ilhas” que foram construídas nas experiências e armazenadas na memória. A ilha da família, a da bobeira, a do hockey, a da honestidade, enfim, memórias conectadas que dizem de um contexto e pelo qual a garota se apoia, age e se comporta. Mas a nova situação faz com que essas ilhas desmoronem pedindo uma nova organização. Isso acontece e é bom! Mas este é um momento em que os pais devem ter  especial atenção para evitar que os filhos caiam em armadilhas.

Observem no filme que a ilha da família balança, mas não cai. O que nos dá uma importante dica: invista na família. Pois com laços fortes e bem estruturados torna muito mais fácil e menos penoso atravessar os turbilhões da vida. E, para terminar, espero que tais informações lhes sirvam para perceber mais do filme e do seu filho. E desejo que a sessão seja divertida-mente engrandecedora para vocês, pais e filhos. Divirtam-se.


Palavras-chave
Artes e Cultura

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