Publicado em 29/11/2022, às 08h40 por Geovanna Tominaga
Esses dias, fiquei me perguntando o que é ser mãe. Em apenas dois segundos, um milhão de respostas vieram à minha mente. É uma posição? Um cargo? Um estado? Uma missão? É gerar uma criança? É cuidar de uma criança? É criar? É amar? É dizer sim? É dizer não? Percebi o quanto é difícil explicar esse lugar da mulher. Cheguei à conclusão de que é tudo isso e mais um pouco.
Minha referência nesse quesito é a minha mãezinha, claro. A dona Nazaré é daquelas mães profissionais, que escolheu viver a maternidade com intensidade, garra e alegria. Que não foge da responsabilidade e sempre tem uma palavra doce nas horas difíceis e um colo quentinho, mesmo que à distância! Sempre quis ser uma mãe igual a ela. Quando engravidei do Gabriel, já me imaginava nesse papel e lembrava dos momentos carinhosos que vivemos juntas na infância. Ser uma boa mãe como ela, significava assistir desenho animado na tv sentadas no sofá, costurar roupinha de boneca no chão da varanda, ajudar na receita do bolo de chocolate… Também significava me ajudar com as tarefas da escola, ler poesias e muitas histórias juntas. Minha mãe lia muito, e estudava muito! Além de fazer todo o trabalho da casa e cuidar de mim e dos meus irmãos.
Nós tínhamos uma estante de livros que ficava debaixo da escada. Uma imensa biblioteca para uma pequena menina curiosa. Ainda me lembro de algumas coleções: “Histórias da Bíblia para crianças”, “O Mundo da Criança” e claro a enciclopédia “Barça”. Sem falar nos títulos de Monteiro Lobato. Além desses, a estante guardava alguns títulos adultos que ficavam lá no alto, onde nós não conseguíamos alcançar. Havia um livro de capa vermelha sobre mulheres, da Marta Suplicy, que eu era doida pra folhear. (Mãe, só fui fazer isso bem mais tarde, na adolescência, tá?).
Ler para o Gabriel sempre fez parte da nossa rotina junto. Eduardo e eu nos revezamos na “Hora da Historinha”. Um dia o pai e no outro, a mãe. O Gabriel ama! Hoje, ele já sabe que depois do banho tem jantar, leitura, mamá e soninho. Às vezes, nós estamos tão cansados que tentamos ir direto pra mamadeira, mas ele não deixa. Pode estar caindo de sono que não dorme enquanto não escuta o nosso “e fim!”. Todo esse esforço de ler pro Gabi, de estar com ele, vale a pena. Mesmo quando bebezinho, sem entender nada do que nós falávamos ou mostrávamos nas páginas. Edu e eu já estávamos construindo laços de afeto e conexão com o nosso filho, que sei que irão refletir no adulto que ele vai se tornar. Refletindo um pouco mais sobre isso, descobri a minha resposta: ser mãe sempre esteve ligado ao fato de “estar presente”, do ensinar e do aprender. Ser mãe é direcionar, é estar disponível, é ouvir mais do que falar… É sobre criar memórias! E que elas sejam tão afetuosas quanto as minhas.
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