Publicado em 06/02/2017, às 06h35 por Ivelise Giarolla
Exatos quatro anos atrás essa mãe que vos fala internou na maternidade para ganhar Lorena. A pequena já havia “sacudido muito o pedaço” desde que anunciou que nasceria com um cromossomo a mais, o 21, ou seja, com Síndrome de Down. Fui muito tensa para a sala de parto, pois não tinha a menor noção de como seriam nossas vidas após aquele nascimento. Mas, a felicidade de ter chegado o momento de recebê-la não tinha fim. Família toda vibrando, equipe médica e de enfermagem nota 10 e Lorena nasceu maravilhosamente bem.
Há exatos quatro anos vi minha vida ter outro rumo. Terapias, médicos, compromissos, leituras, discussões científicas, tudo e mais um pouco para dar condições da pequena ter um bom desenvolvimento. Muitas vezes pensei que não iria aguentar. Cansaço físico e mental de cuidar das minhas duas filhas, trabalhar, administrar lar, ser esposa, etc por muitas vezes é devastador. Porém, coloco a vida na quinta marcha, não olho para trás e vamos seguindo.
E esse último ano foi esplendoroso. A pequena deu um salto enorme. Muitos atrasos do desenvolvimento ficaram no passado. Desfraldou com facilidade, evoluiu muito no quesito motor, manteve-se com boa saúde sem apresentar intercorrências, “soltou a língua” falando muitas palavras e pequenas frases tímidas, passou a apresentar brincadeiras mais elaboradas, acompanhou a escola regular em que estuda com muitos elogios no relatório final, ganhou muita autonomia, entre tantas outras conquistas, o que deixou essa mãe muito agradecida, imensamente feliz e orgulhosa.
Mas, uma coisa extremamente importante aconteceu nesse ano: aprendi a viver com Lorena como ela é e entendi, finalmente, que ela não é igual a sua irmã. Parei de sofrer tentando avaliar suas dificuldades. Consigo agora ter em paz mental, olhar para minha filha e não valorizar as diferenças. Não que me negue a vê-las, pelo contrário, vejo tudo. Somente agora vivo e entendo minhas filhas exatamente como elas são: pessoas. Aprendi que a felicidade não se resume na ausência de adversidades e sim na capacidade de lidar com as situações. Creio que, por essas razões, eu posso dizer que as maiores conquistas foram minhas. Aprender com as dificuldades que há quatro anos achei que não iria suportar, me fez uma pessoa imensamente melhor. Sou muito grata às essas dificuldades, pois elas me ensinaram a tolerância, o auto-controle, a perseverança e outras qualidades que, em circunstâncias favoráveis, eu jamais conheceria.
Filha amada, feliz aniversário! Obrigada por tudo que tem feito por mim. Te amo até o infinito. Que sua vida seja recheada de felicidades e conquistas! Estarei sempre ao teu lado.
Beijos carinhosos da mamãe.
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