Publicado em 19/02/2015, às 22h00 por Tatiana Schunck
A criatura dorme na hora que devia almoçar para depois ir para a escola. Na mesa, chora, reclama, silencia, esperneia, se acalma, sorri, fecha a boca com a mão e só quer saber da mistura que tem no prato… A mãe e o pai se olham com seriedade. Não sabem o que fazer. A mãe tenta conversar, explica que o menino tem que comer para ir à escola, para brincar… Lá lá lá… Ele esperneia um pouco. O pai conversa com ele e diz que o Super Homem come e é forte e… Ele esperneia mais um pouco. A mãe o tira da mesa. Conversa com ele no sofá. Ele fica lá em estado de gritar e parar e tossir. Os pais voltam à mesa e terminam seu almoço. O menino lá. No estado de provocação. O pai quer rir, a mãe diz que não tem graça. Silêncio. Muita seriedade. A mãe tenta, depois de alguns minutos, voltar a conversar com a pessoa. A pessoa não a olha e faz que não escuta, conversa sobre outros assuntos: meu carrinho, o caminhão, quero a massinha, vou ver um desenho, cadê o monstro… A mãe só escuta e respira fundo, bem fundo. A hora passando. O tempo indo. A sensação de que já deviam estar a caminho da escola para depois trabalhar, para resolver as coisas da vida, para correr um pouco mais, para ir à vida. Que vida? Bora lá.
O menino pessoa sua tanto de chorar, gritar e tossir – que a mãe o conduz ao quarto para trocar a camiseta, abraçá-lo um pouco, acalmá-lo, escovar os dentes, passar água nos olhinhos, na testa… Ele pede para dormir. A mãe o coloca no berço enquanto recebe a notícia em meditação de que o sono é o causador das desavenças. Lembrando que criança é uma crítica por si, simplesmente por existir e por nos atrapalhar os afazeres do trabalho, dos impulsos, das vontades, das obrigações, das idas e vindas ao supermercado, à farmácia, ao banco, ao correio, à escola, ao hospital, à reunião, à vida… Filhos. Para que tê-los? Vai dizer que não vem esse pensamento tenebroso à mente nestas horas de quebra de conduta?
Pois é, mas daí, enquanto você busca o travesseiro para a criatura dormir em paz, ele já dormiu e respira fundo lá no berço. E tem isso, dorme rápido rápido quando não é a hora de dormir. E quando você mira essa expressão e ouve o som do corpo vivo da criança, dá uma vontade de se derreter e de se chicotear um pouco só para se livrar das culpas, de todas elas. Da sensação de vida estranha e da ignorância diante do pequeno. O pai e a mãe, meio vencidos, meio desapontados, se acolhem e se abraçam. O dia, que está só perto da hora do almoço, já parece ter sido longo e cansativo. Retorno às aulas. Alívio para os pais. Retorno de quem cidadão?
Passado o Carnaval, um intenso e longo feriado que causa uma sensação estranha na família (isto porque já se passaram as férias, já houve o retorno às aulas, já quase nos (re)acostumamos com a rotina com o filho por grandiosas quatro horas na escola e… Eis que surge este lindo feriado para “desandar” as estruturas… Pode? Ah não… Feriado de Carnaval só para quem vai viajar. E viajar como? Treze horas no trânsito e o moleque que não dorme no carro? Não dá. Então, fiquemos em casa e nos desacostumamos com estes dias, poucos dias, mas colocados num lugar errado, pois já estávamos quase, quase de volta à vida. Veja bem. A vida.
E enquanto o moleque dorme me apresso aqui a escrever e lembrar que o amor é maior. E lido com sensação de tropeços entre estar presente na escuta para com o filho, estar pronta para a vida que corre e que tem que ser encaixada entre trabalho, saúde, dinheiro, amor, sossego, casa própria, aluguel, mensalidades(s), família…Etc. etc. etc… E estar confusa com o jeito que lidamos com o nosso tempo. Com a nossa vida. A lá lá ô ô ô ô ô ô ô… Mas que calor, ô ô ô ô ô ô…
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