Publicado em 05/05/2014, às 21h00 por Cecilia Troiano
As crianças crescem, a rotina se organiza e de manhã seguem os filhos para a escola e os pais para o trabalho. E quem é que faz aquele papel da dona de casa, dispondo de um tempo precioso para que todos tenham comida e roupa lavada e um mínimo de ordem na volta para o lar? Se a mulher contemporânea é devotada ao trabalho e dedicada aos filhos, precisa ter uma retaguarda em casa. E essa lacuna é, em muitos casos, preenchida por outras mulheres. Graças à terceirização do trabalho feminino de cuidar do lar, muitas brasileiras conseguiram mais tempo para avançar no mundo corporativo. Segundo a Fundação Carlos Chagas, o aumento absoluto de empregadas domésticas foi de quase 200% entre 1970 e 1997, de 1,7 milhão para 4,9 milhões de trabalhadoras. Esse crescimento é o dobro do aumento da população no período. Hoje em dia vejo muitas mães queixarem-se de quão difícil é encontrar esse apoio de confiança. As empregadas, ou assistentes do lar como alguns gostam de chamar, são facilitadoras da ascensão profissional da mulher de classe alta. Isso sem prejudicar a carreira do casal.
Esse benefício (para umas e outras, já que é bom para empregada e empregadora) não é usual em países do primeiro mundo. Nos EUA, entre as cinco executivas mais influentes do país, quatro tem maridos que não trabalham fora – simplesmente porque alguém precisa cuidar da casa e/ou das crianças! Na Europa, a terceirização de serviços (tanto faxineira quanto babá, empregadas são raríssimas) é um luxo, pois tem preço proibitivo.
Merecedoras de todo o respeito profissional, as domésticas, empregadas ou assistentes do lar – essas mulheres trabalhadoras do Brasil – ajudam a todas nós. Assumindo o trabalho pesado, deixam espaço para que a gente se dedique à carreira, conseguindo ao mesmo tempo realização pessoal e independência financeira. Foram as nossas necessidades que moldaram esta sociedade dos dias de hoje, e isso é uma prova de que as mulheres, quando perseguem seus ideais, conseguem o que querem. Nem que para isso precisem reunir toda a ajuda possível (avós, maridos, babás, escola, empregada) e tenham que enfrentar seus próprios medos, limitações e a culpa de não poder cuidar de tudo – pois, convenhamos, seria coisa demais!
Obrigada às verdadeiras equilibristas que tornam nossa vida de equilibrista possível!
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