Criança

Vá brincar lá fora!

Imagem Vá brincar lá fora!

Publicado em 31/12/2012, às 05h00 por Redação Pais&Filhos


31/12/2012

Por Cíntia Marcucci, filha de Mariza e Emiliano, e Luciana Fuoco, filha de Maria Helena e Dionísio
Lembra quando sua mãe dizia a frase do título desta matéria para você e seus irmãos (ou primos ou amiguinhos)? O que ela queria era só um pouco de paz dentro de casa e mal sabia que estava fazendo um bem danado para as crianças. É que brincar ao ar livre é muito importante para o desenvolvimento infantil.
Com o verão chegando – e também as tão esperadas férias pós-gripe suína e todas aquelas intermináveis reposições de aulas –, não tem nada mais gostoso do que passar horas sentindo o calor do sol, o vento batendo na cara e o contato com a natureza. Pena que está cada vez mais difícil para mães e pais de hoje mandarem as crianças para o lado de fora. Não só por não ter um quintal em casa ou uma área verde nos condomínios, mas pelas preocupações com a segurança. Isso sem contar que, para quem trabalha fora, falta tempo para brincar com os filhos.
As dificuldades da nossa época estão criando uma geração que só se diverte entre quatro paredes. Pesquisa realizada pela Unilever para a marca de sabão em pó OMO mostra que a atividade mais praticada pelas crianças cujos pais foram entrevistados é ver televisão. A resposta foi apontada por 97% dos pais! Como a gente sabe, as crianças brasileiras são as que mais assistem TV no mundo, chegando a quase quatro horas diárias. A primeira atividade ao ar livre – andar de bicicleta, skate, patinete e afins – só aparece em quarto lugar, com 79% de menções, o que não é pouco.
Sim, a gente sabe que não é fácil, mas procurar algum jeito de fazer com que as crianças possam brincar ao ar livre vale muito a pena. Se não tem quintal em casa, vale a casa da avó, o sítio, o clube, um parque público… Só não vale ficar fechado em casa quando o sol está brincando lá fora. A seguir, a gente fez uma lista de razões pra sair de casa já:
Mais desenvolvimento
Qualquer brincadeira faz bem, sempre. Mas estar ao ar livre traz para as crianças experiências bem diferentes daquelas encontradas em casa. “Eles ficam expostos a uma quantidade muito maior de estímulos importantes para o desenvolvimento neurológico, psicológico e motor. São coisas que eles não conhecem, pessoas diferentes, situações mais imprevisíveis e interessantes”, explica a pediatra Cinara dos Anjos Marcondes, filha de Sidnéa e Silvio. Ela recomenda passeios desde bem cedo, aos 2 meses de idade, mesmo no carrinho ou no colo dos pais. Respire fundo, organize a tralha e saia, sem medo. 
Para Maria Ângela Barbato Carneiro, filha de Rosina e Luiz, pedagoga e coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, estar em ambientes externos é fundamental para a criança desenvolver noções de tempo, espaço e se relacionar melhor com o peso e a força do próprio corpo. “Ela pode correr, pular, coisas que não são possíveis dentro das casas e apartamentos cada vez menores de hoje. Agora no verão é uma ótima época para isso, dá para desenvolver os cinco sentidos com o perfume das flores, o barulho dos pássaros mesmo na cidade grande, os cheiros de um parque ou da rua, a visão da amplitude e o tato”. Pé na areia, na grama, quer coisa mais gostosa?
A especialista alerta para a necessidade de preservação de parquinhos e brinquedos em áreas verdes e praças pelo país afora. “São espaços ótimos, mas, às vezes, os equipamentos estão tão mal-conservados que oferecem mais risco que diversão.” Em ano eleitoral, taí uma bandeira de campanha importante: mais parques bons, bonitos e bem cuidados para as nossas crianças.
Mais saúde
Estar exposto ao sol, nas doses certas, faz bem para todos, desde bebês. É por meio dos raios solares que nosso corpo consegue sintetizar a vitamina D, essencial para a formação e saúde dos ossos. O sol é bom, mas nunca deve ser tomado sem proteção. Ainda mais quando se trata de criança, que tem uma pele mais sensível e delicada do que a dos adultos. E pais e filhos devem sempre seguir a recomendação de sol somente antes das 10h e depois das 16h. No horário de verão, pode ser antes das 11h e depois das 17h. 
É verdade que brincar lá fora suja a roupa, a mão, o pé. E isso é ótimo! Brincando ao ar livre, os pequenos entram em contato  com microorganismos. Isso mesmo: sujeira, na medida certa, ajuda no desenvolvimento do sistema imunológico e das defesas das crianças. É a famosa "vitamina S", já ouviu falar? “Há várias pesquisas que mostram que crianças que vivem sempre em muita limpeza estão mais sujeitas a desenvolver alergias”, explica a dra. Cinara. Por isso, sem neurose com terra, poeira, folhas, flores e bichinhos. Vale cuidar um pouco mais de tanques de areia e praia, que, caso tenham urina de animais, podem ser uma fonte maior de contaminação. Use esteiras ou cangas para seu filho sentar e prefira aqueles espaços que têm grades ou em que você confia na limpeza.
Para a higiene, um banho normal já resolve e é bom você ensinar seu filho a sempre lavar as mãos antes de comer e não levar as mãos à boca durante a brincadeira. “O maior risco é mesmo a ingestão de microorganismos; por isso, uma boa dica é manter as unhas das crianças sempre bem cortadas”, indica a dra. Cinara. 
Contato com a natureza
Não há maneira melhor para ensinar a importância de preservar a natureza do que ter contato com ela. Se uma criança curtiu ver uma plantinha crescer ou observar como as formigas fazem para carregar alimento para dentro de um formigueiro, é bem mais fácil explicar para ela os motivos de cada ser vivo ser importante e que a harmonia entre todos garante um lugar melhor para se viver.
Dá para fazer isso no quintal de casa ou no jardim do condomínio. Mostre espécies diferentes de plantas, deixe que seu filho passe um bom tempo observando os insetos, tente identificar o piar dos pássaros que ainda vivem na cidade. Nos parques e nas praças, dá para subir em árvores e até brincar de descobertas em pequenas trilhas.
Em um dia de chuva e calor, esqueça as paranoias com resfriados e deixe-os brincar com a água. O mundo cheira e tem uma cara diferente quando chove, com a terra molhada e os bichos que se protegem. Que tal ver quem espirra mais água ao pular em uma poça? E a sensação de enfiar as mãos na lama? Depois, basta uma toalha para se secar ou um bom banho e uma roupa seca para garantir uma tarde inesquecível de férias. 
Brincar sem regras
Você sabia que, se você não der a seu filho um tempo para o lazer, estará cometendo um crime? A gente não está falando no sentido figurado da palavra, não. Claro que crime talvez seja um termo meio exagerado, mas o fato é que o lazer da criança é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelos artigos 4 e 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente, legitimado ainda pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988.
Por isso, e pelo bem do desenvolvimento do seu filho como ser humano, é importante prestar atenção em como ele está gastando o seu tempo. 
“Para solucionar um problema pessoal, os pais colocam os filhos em diversas atividades extra-curriculares; porém, mesmo que sejam coisas lúdicas, nem sempre são o melhor para a infância”, explica Maria Ângela. Ela aponta que, em todo esse tempo, inclusive na escola, a criança é dirigida pelos adultos, que indicam o que ela deve ou não fazer e em quais horários. “Isso atrapalha na formação da autonomia”, completa.
A solução é mais simples do que se imagina. O primeiro passo é os pais compreenderem que a brincadeira, por si só, sem objetivos definidos ou programação, não é perda de tempo, mas, sim, aprendizado. Seja dentro de casa ou do lado de fora, sozinha ou com outros amiguinhos, a criança deve ter um tempo de lazer dela, em que ela própria escolha as atividades que quer fazer. 
Ao ar livre isso fica bem mais fácil pela quantidade maior de elementos que incentivam a imaginação e a criatividade, estimulam a capacidade de coordenação motora, exploração, manipulação e organização, convivência, cooperação e expressão de seus medos, desejos e expectativas. Além disso, levar seu filho, e incentivar outros pais a levarem as crianças, para brincar ao ar livre é uma maneira de preservar brincadeiras da sua infância, como cabra-cega, esconde-esconde e amarelinha. Basta dizer que era assim que você brincava; eles irão adorar fazer o mesmo.
Para aproveitar que é começo de ano, a melhor época para fazer planos de mudanças, que tal começar pensando um pouco em como você irá ocupar seu filho daqui para frente? Maria Ângela dá uma dica: de 25% a 30% do tempo de uma criança devem ser livres para que ela escolha o que quer fazer. Se, nessas férias, você mostrar aos pequenos o quanto é bacana brincar lá fora, a gente tem certeza de que eles não irão mais querer passar essas horas preciosas só na frente da TV e do vídeo-game.
Consultoria
Cínara dos Anjos Marcondes, pediatra
Maria Ângela Barbato Carneiro, pedagoga

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