Publicado em 28/06/2023, às 13h48 - Atualizado em 11/07/2023, às 10h23 por Beatriz Rodriguez, filha de Rogeria e Walter
O 15° Seminário Internacional Pais&Filhos está incrível e acontece durante todo o dia de hoje, 28 de junho, na Unibes Cultural em São Paulo. O tema desta edição é Um outro “felizes para sempre” e está sendo apresentado por Andressa Simonini, editora executiva da Pais&Filhos. Ao longo do dia, já tivemos palestras com convidados especiais, como Marcos Piangers, Alexandra Loras e Marcela Mc Gowan.
A quarta palestra do dia foi feita por Renato Noguera e teve como tema “Um mundo (não tão) ideal”. Ele é pai de Olivia e Maria, possui formação familiar griot, doutorado em filosofia, é escritor e consultor. Além disso, Noguera tem feito pesquisas sobre filosofia, neurociência e psicanálises. É professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e coordenador do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin).
Noguera disse que se tornou pai pela primeira vez em 2009 e pela segunda vez em 2014. Na palestra, compartilhou a sua experiência pessoal com a parentalidade, reflexões sobre família e relações de afetividade. “A idealização em um mundo (não tão ideal) é o mecanismo que nós temos para escapar do sofrimento. Nós idealizamos porque nos sentirmos mais confortáveis em certos cenários e assim felizes”, explica.
Durante a palestra, o especialista citou um provérbio africano que diz: “É preciso de uma aldeia inteira para criar uma criança” e explicou que uma pessoa adulta sozinha não tem repertório para lidar com os conflitos de um relacionamento. “É importante que mais pessoas possam ajudar. Porque isso exigiria um sacrifício muito grande de uma única pessoa. Ninguém só dá conta de tudo sozinho”, defendeu.
Noguera ressaltou que a parentalidade é uma relação de troca, compartilhamento e que é um grande desafio para todos. “O bebê não existe em si. Ele sempre existe em uma relação. Nós existimos em uma relação. A família é um espaço relacional, onde a maneira de lidar com os conflitos não é programada nem já feita ou humanizada. Por isso os bebês, crianças e adolescentes nos lançam em um desafio”, ele disse.
Na palestra, ele ainda falou sobre quebra de expectativas na parentalidade e como funciona a idealização na vida dos pais. “A idealização e o excesso de fantasia são efeitos da pouca conexão. Aumentando nossas conexões, podemos enxergar o pai como um humano e não como um super-herói ou vilão”, ele conta. “O amor é uma canção do espírito, onde está a ferida também está o presente. Paixão é sorvete com veneno”, acrescentou.
Além disso, Noguera comentou sobre as diferentes formas de amor em relações afetivas. “O amor romântico parte de um beijo de amor, de uma perfeição. Já o amor confluente significa que no circuito afetivo familiar, o medo não é o afeto principal. O amor deve ser o gestor do afeto das relações, que consegue compartilhar as responsabilidades e fazer confluir juntos”.
Quando aqueles dois riscos no teste de gravidez aparecem, um novo mundo é idealizado. É comum pensar no futuro e planejar cada passo que será tomado antes e depois da chegada daquele novo membro na família, e que por esse planejamento, tudo acontecerá da forma mais tranquila possível. A amamentação será fácil, os pais não precisarão de rede apoio antes de começar a trabalhar, as oito horas de sono por noite ainda estarão na rotina… Mas a gente precisa te contar uma coisa: ter filho significa mudar todas as expectativas!
No momento em que aquele bebê chega, nasce uma mãe, nasce um pai, nasce uma rede de apoio. Tudo mudou, e você não será mais a mesma pessoa de antes. Junto da grande alegria de ter o filho nos braços, também vem o cansaço, a culpa, a sobrecarga… E todo aquele mundo perfeito vai por água abaixo. Melhor do que buscar uma realidade igual dos contos de fada, é buscar a sua própria felicidade na realidade em que você vive. Afinal, todos estão vivendo essa experiência pela primeira vez (mesmo que já seja o segundo, terceiro, quarto filho, porque nenhuma criança é igual a outra) e bebês não vem acompanhados de um manual de instruções até a vida adulta.
Saber criar a sua própria história é o essencial. Esqueça aquela perfeição dos contos de fadas! O tema do 15° Seminário Internacional Pais&Filhos é Um outro “felizes para sempre”. É buscar a sua felicidade nesse novo mundo, o mundo da parentalidade! Ser mãe e pai é uma escolha que vem acompanhada de diversas opções de “viveram felizes para sempre”. Lembre-se: só criam filhos felizes pais e mães felizes.
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