Família

Taiza Krueder, CEO do Clara Resort, fala sobre inspiração da família no trabalho: "Criei 3 filhos aqui dentro"

Taiza Krueder, do Clara Resort, fala sobre carreira e maternidade - (Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

Publicado em 22/04/2024, às 18h19 por Andressa Simonini, CMO (Chief Marketing Officer) | Filha de Branca Helena e Igor


"O que um filho mais precisa é de um pai e uma mãe felizes. E o que você está fazendo para que isso aconteça, está valendo": é dessa forma que Taiza Krueder define a relação entre pais e filhos e o equilíbrio entre maternidade e carreira ao longo da sua vida. 

Proprietária e CEO do Clara Resort, que é referência premiada em hotelaria ecológica para o lazer das famílias de alto padrão, mãe de 3 filhos, Catarina, de 11 anos, Matias, de 18, e Cristina, de 21 e casada há 23 anos, ela conversou com exclusividade com a Pais&Filhos sobre a trajetória na carreira, trabalho e maternidade.

Com quantos anos você teve o primeiro filho?

Eu tinha 28 anos quando tive a Cris. Foi um susto, porque eu casei com meu marido e engravidei dois meses depois. Mas ficamos superfelizes, a Cris é uma fofa.

Taiza Krueder, do Clara Resort
Taiza Krueder, do Clara Resort, fala sobre carreira e maternidade - (Foto: Arquivo Pessoal)

Como foi se tornar mãe? 

Eu sou pragmática, prática, e foi interessante como o instinto vem. Era muito estranho eu estar grávida. Demorou um tempo entre a Cristina nascer e eu me entender como mãe dela. Lógico, que fiquei apaixonada, mas para aprender a ser mãe foi aos poucos. 

Eu pratico yoga e nessa prática, eles falam que a mulher fica nove meses engravidando e nove meses desengravidando. Do mesmo jeito que no final da gravidez você estásuper grávida, no pós-parto você está ainda um pouco zonza e em transe, é muita emoção junta e logicamente após o parto acabou. Tem aquelas funções que vão preenchendo: banho da criança, amamentação, fraldas, etc, e você vai criando esse amor. Esse amor se constrói todo dia e todas as fases são muito legais. 

Qual foi a fase mais difícil depois da gravidez (pensando na primeira experiência)? 

A fase mais difícil é se dar conta de que você não está mais livre como era antes de ser mãe. Filho vai estar com você pra sempre. É uma responsabilidade que vai te acompanhar sempre. O meu cunhado alemão fala uma frase que eu nunca me esqueci: “Você só sabe o que é medo depois que você tem filho”, o medo de que alguma coisa aconteça com ele, que eles não voltem para casa, que se machuquem. Você começa a ter aquela coisa de cuidar do outro que depende de você. Isso me mudou muito. 

O seu próprio resort diz muito da natureza, uma energia muito boa. O que a maternidade te agregou para sua evolução também nessa sua área?

Eu criei três filhos aqui dentro. O  mote do meu negócio é exatamente nós usarmos o hotel como hóspedes. Então, por exemplo, quando eu tive a Cris, percebi que fazia muita falta o trocador para as mães, então hoje tem trocador de bebê em todos os banheiros do hotel masculino e feminino, assim como fraldas, lenços umedecidos. E eu tenho pequenos exemplos de como eu fui fazendo isso pelo hotel inteiro. Me incomodava ter uma piscina infantil segregada, ficar longe do filho, então todas as piscinas agora têm uma área rasa. Os desejos surgiram de uma necessidade minha como mãe. Então não tem como distinguir o que nossa família é do que o hotel é. 

Isso remete a forma conhecida como você abre os vídeos na rede social: “Bem-vindo ao Clara em Casa”

Tenho uma história linda para falar sobre isso, porque como eu tinha que trabalhar no hotel depois que eu assumi, queria que minha família ficasse muito feliz no hotel. Então eu fui começando a melhorar o hotel. Eles queriam toboágua, tem toboágua; eles queriam mais espaços radicais, eu coloquei; viraram adolescentes, eu criei um espaço teen… Então, no final, fui melhorando o hotel para eles estarem felizes, porque foram criados nos hotéis. E eu queria muito ganhar o prêmio de melhor do Brasil para famílias, pelo TripAdvisor, me esforcei muito para isso, encorajava meus hóspedes a fazerem avaliações, melhorava o hotel, melhorava a comida.

E deu certo, né?

Eu estava em uma viagem quando recebi uma ligação sendo informada que haviam divulgado o prêmio de melhor viagem para a família. Nós ficamos como segundo melhor hotel para família do mundo. Eu comecei a chorar tanto, porque no fim eu estava fazendo um hotel que minha família gostasse… Eu fiquei tão emocionada que as pessoas entenderam o que eu estava fazendo. Eu acabei criando um hotel para todas as famílias serem bem-vindas.

Você conseguiu atrelar o seu lado profissional com o da sua família. Nem todo mundo tem um privilégio como esse. Por isso, muitas mulheres se tornam empreendedoras a partir da experiência da maternidade. Você nunca pensou em deixar de trabalhar por conta dos filhos?

Não, nunca. Mesmo porque eu vim de uma família portuguesa com espanhol, meus pais sempre trabalharam, acho que o maior legado que eles me deixaram foi o amor pelo trabalho. Eu sou casada com alemão, que adora trabalhar, então nosso relacionamento sempre foi criado no intuito dos dois se desenvolverem. Ele trabalha com químicos. Eu trabalho com hotelaria, mas ele me ajuda na parte financeira. A gente sempre gostou de criar, trabalhar e evoluir. E nosso casamento tem muito disso. 

Você sentiu que abandonou alguma coisa da sua vida com a chegada dos filhos? 

A vida é feita de escolhas. Nós, mães, temos a culpa, e é um pouco isso. Mas eu não acho que abandono, não perdi coisas profissionalmente porque eu tenho filhos, mas talvez eu tenha perdido coisas da maternidade por trabalhar.

Eu acho muito legal quando você dedica tempo para só um filho por vez. Às vezes, também acho muito importante. É muito gostoso todo mundo junto, mas eles acabam ficando mais entre eles três. Quando você está sozinho, consegue conversar, entender o que está passando na cabecinha deles. São três filhos completamente diferentes, começando pelas idades, com dez anos de diferença entre a mais velha e a mais nova, e o do meio é um menino. 

Taiza Krueder, do Clara Resort
Taiza Krueder relembra trajetória do Clara Resort - (Foto: Arquivo Pessoal)

Você acha que muda a relação do casal depois dos filhos? E como você conseguiu sustentar?

Claro. Na história de engravidar, que foi um pouco no susto, a gente já estava naquele começo de casamento, que tudo é lindo, maravilhoso, então foi bom porque às vezes você espera muito pra ter um filho e quando vem aquela criança, o mundo parou. A gente era tão novinho, carregava ela com a gente e pronto. Então não tinha muito essa coisa do relacionamento mudando. E claro que tinha os avós por perto, tem a Zilma, que trabalha comigo desde que a Cris nasceu até hoje, porque quem trabalha tem que ter ajuda. A gente foi levando e deu tudo certo, nunca paramos para pensar como era antes e depois. A gente sempre teve a Cris com a gente, depois o Matias, depois a Catarina. Os meus princípios e os do meu marido estavam em alinhamento e muito claros. 

É muito legal ter esse diálogo e respeitar a individualidade do casal.

Claro. E nosso relacionamento não é perfeito, a gente vai aprendendo. Mas ajuda bastante passar os finais de semana dentro de um hotel. Eu posso falar que ter criado eles aqui dentro facilitou muito. É muito legal o quanto os meus filhos fazem amizade de uma maneira muito fácil e se dão bem com todo tipo de criança e pessoas, porque ao contrário de uma criança do nível social deles, que vai passar o final de semana brincando com o vizinho ou com alguém do condomínio, eles nunca tiveram o vizinho, aquele amigo constante. Os amigos de final de semana eram os nossos hóspedes que, às vezes, eles falam tchau e nunca mais vão ver, ou não. Então eles aprenderam a ter uma flexibilidade social muito grande.

E como os seus filhos enxergam seu trabalho?

Esse amor pelo trabalho, eu também tento passar para os meus filhos. Acho que o melhor patrimônio que você pode deixar para os filhos é o amor por estudo, entender que se tem que estudar e trabalhar para ter o que é o seu. Até porque quem tem uma empresa familiar pode herdar um patrimônio ou uma dívida. E só no hotel tenho quase 800 colaboradores, a gente responsável por essas vidas.

O que você aprendeu nos relacionamentos e com o seu trabalho? 

É muito injusto você esperar o outro para ser feliz. Tanto o filho cobrar isso do pai quanto o pai do filho. Se você está bem, isso respinga, traz uma energia para toda a família. O que um filho mais precisa é de um pai e uma mãe felizes. E o que você está fazendo para que isso aconteça, está valendo. 

Como surgiu o foco da alimentação, chef de cozinha? 

Eu aprendi a cozinhar com minha avó espanhola, Laura, quando tinha sete anos de idade em Santos. Lavava gnocchi, queimava os dedos fazendo rabanada, ela fazia rabada… Eu  cozinhei a minha adolescência inteira, sempre tive esse talento, como autodidata, lendo livros de culinária e quando me formei em Administração de Empresas no Brasil, meus pais me deram a grande oportunidade de ir para a França aprender a cozinhar de verdade. E quando eu cheguei lá achando que eu sabia cozinhar, eu descobri que não sabia nem quebrar um ovo. Eu passei três anos na França só cozinhando, trabalhando na faculdade, trabalhei em vários hotéis estrelados e foi assim que peguei a técnica. 

Você consegue fazer refeições junto com a família?

Consigo. É interessante o quanto a cozinha reúne, o quanto a cozinha reúne a família, os amigos. Eu brinco que lá em casa eu convido 15 e vem 20. Eu cozinho na minha casa todo dia. Eu osto de alimentar as pessoas à minha volta e claro que trouxe isso pro hotel. Essa comida gostosa. Eu brinco que é comida de verdade. Claro que a gente tem que atender o público de alergênicos, diabéticos, então tem esse cuidado com todos os públicos. 

Taiza Krueder, do Clara Resort
Taiza Krueder com o marido e os filhos - (Foto: Arquivo Pessoal)

Você vai abrir o terceiro hotel em Inhotim agora, mas já pensou em abrir um restaurante em São Paulo?

Eu já tive um restaurante, da minha família. Eu nasci nesse ramo. Eu saía da escola e ia para trás do balcão fazer bolinha de sorvete, atender mesa. Eu fui inclusive CEO da rede deles de restaurantes. E um belo dia cansei de trabalhar com família. E quando eu fui trabalhar com hotel, eu morri de amores por hotelaria e não tenho mais vontade de trabalhar com restaurantes. Com hotel, você tem muito tempo com o hóspede, você consegue encantar, conversar, restaurante é muito rápido. 

Como funciona o hotel?

Tudo é pensado: a maneira que a comida é colocada, a maneira que o copo é colocado, tem muita área social para o número de quartos que eu tenho. Tudo é feito para as pessoas conseguirem realmente se conectar com a natureza, se conectar consigo mesmas. 

Família é tudo para você?

Família é tudo para mim. A minha família e a família de todo mundo que está em volta. A minha família pessoal é muito pequena, mas família é quem a gente escolhe. Então essa é minha família, é meu amor, minha grande família estendida. 


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