Gravidez

Conheça o paladino do parto normal

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Publicado em 01/09/2011, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


A edição de setembro da Pais & Filhos está saindo do forno, mas você pode conferir uma prévia da entrevista que fizemos com o médico Michel Odent

Michel Odent, pai de Sylvie, Christophe e Pascal, médico francês e uma das maiores autoridades em matéria de parto normal do mundo é a nossa entrevista de setembro.

Aqui ele fala sobre a ocitocina, conhecida como o hormônio do amor. É ela a responsável pelo pontapé inicial do trabalho de parto. Confira uma prévia. E não pare por aqui: comente, compartilhe e curta.

Você está familiarizado com as taxas de cesariana do Brasil (40%)?
Não é nada de especial, é a mesma da maioria das grandes cidades da América Latina. É a mesma de Santiago, no Chile, Cidade do México. E a mesma de muitos países como Grécia, Irã, parted a Itália e Coreia.

Mas a OMS recomenda que a taxa atinja, no máximo, 15% dos partos…
Sim, mas eles são muito burocráticos. Isso não é realista. Se você levar em conta a falta de conhecimento atual das necessidades da mulher em trabalho de parto, 15%não é o suficiente, é perigoso. Existe uma necessidade maior do que isso. Se você quer uma taxa de 15% significa que você tem que aceitar um parto vaginal mais longo e mais difícil, com horas de ocitocina, forceps, exatamente o que você deveria evitar hoje, na era da técnica de cesárea segura, rápida e fácil, que tem como prioridade evitar um trabalho de parto longo e difícil com o risco de acabar em fórceps, ventosa ou, às vezes, cesárea de emergência porque as pessoas estão obcecadas em evitar a cesárea, seja por recomendação da OMS ou por indicação do movimento do parto natural. Isso é perigoso. O que nós precisamos fazer é redescobrir as necessidades básicas da mulher em trabalho de parto, tornar o parto mais fácil. Depois disso, a taxa de sucesso pode reduzir, mas isso não pode ser a prioridade. Em alguns casos talvez fosse melhor para o bebê se a mãe recorresse a uma cesárea de emergência do que tomar ocitocina sintética por 15 horas.

Você está com um projeto importante para difundir a importância do cuidado com o parto. Fale mais sobre isso.
Nós organizamos a Mid Pacific Conference on Birth and Primal Health (Conferência do Meio Pacífico sobre parto e primeira saúde, em tradução livre), que será constituída por 27 workshops. Nosso principal objetivo é oferecer uma visão global que influenciará a história do parto e da amamentação. Nós sempre nos encontramos no meio do oceano para enfatizar que tudo o que discutimos não especiais a um continente ou outro continente, isso é global. O próximo encontro vai acontecer em Honolulu, no Havaí, em outubro. Entre os palestrantes estará o professor Michael Stark, de Berlim, que é o “pai” da nova e simplificada técnica de cesárea, na qual uma cesariana pode ser realizada em 20 minutos com redução da perda de sangue. Teremos também o professor Kerstin Uvnas-Moberg, de Estocolmo, é um expert no efeito comportamental da ocitocina.

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Gostaria que você falasse um pouco do momento do parto. É verdade que a mulher tem que tentar ser o menos racional possível?
Quando a mulher está dando à luz sozinha, em um dado momento ela se isola do mundo, ela não está interessada no que está acontecendo no resto do mundo. Ela faz coisas que são consideradas não-civilizadas. Na parte mais complicada do trabalho de parto a mulher pode até se atrever a gritar, xingar e pode até se tornar bem mal educada de repente e até falar coisas sem sentido. Ela pode uma postura bizarra e até mesmo primitiva, complexa, assimétrica e quadrúpede. Existe um estímulo específico para o córtex, a parte intelectual do cérebro: a língua. Isso quer dizer que uma mulher que está em trabalho de parto precisa de silêncio mas precisamos da ciência para descobrir isso. A língua deve ser usada com um cuidado extremo. O tipo de linguagem mais expressivo para o intelecto é a linguagem expressa na forma de perguntas. Quando alguém te faz uma pergunta você é obrigado a estimular seu córtex para preparar uma resposta. Eu uso uma analogia para mostrar o efeito que uma pergunta pode causar. Imagine um casal fazendo amor e quase na hora do orgasmo a mulher pergunta ao parceiro: “O que você quer para o jantar?”.

Então quer dizer que estimular a parte intelectual do cérebro pode efetivamente afetar o trabalho de parto?
O efeito do estímulo do córtex pode interferir no processo fisiológico. Mas existem outros estímulos para o intelecto, um deles é se sentir observado. Quando nos sentimos observados nós também nos observados e o intelecto é estimulado. A necessidade básica de uma mulher em trabalho de parto é não se sentir observada.

Qual é a importância da parteira para fazer com o processo transcorra da forma mais tranqüila possível?
Qual é o protótipo da pessoa que pode ficar no lugar do parto e cuja presença é compatível com a necessidade de se sentir segura sem sentir observada? A resposta em um mundo ideal seria a mãe dessa mulher, com a nossa mãe nos sentimos seguros, elas são pessoas protetoras, com ela não nos sentimos observados… Originalmente, a parteira era uma figura materna. Há uma nova perspectiva científica que diz que alguns estados emocionais são contagiosos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa. É impossível estar em um estado de relaxamento completo, nós temos um nível de adrenalina muito alto. Se alguém próximo a você cheio de adrenalina, é contagioso. Então é uma maneira de entender que uma das principais preocupações de uma autêntica parteira: certificar-se que não há ninguém em volta emanando adrenalina e manter também seu próprio nível de adrenalina o mais baixo possível. Dizem que a duração do trabalho de parto é proporcional à adrenalina da parteira, os dois estão ligados.

Como você chegou a essa conclusão?
Quando falo sobre isso, não posso deixar de lembrar dos seis meses que passei na maternidade do Hospital de Paris em 1953. Eu guardei uma imagem daquela época, uma visão da parteira. Naquela época as parteiras do hospital não tinham nada para fazer, então o que faziam: elas passavam o dia fazendo tricô. Elas tricotavam enquanto esperavam pelo bebê. Depois disso, tricotava enquanto esperavam pela placenta, e depois, claro, tricotavam quando não havia nenhuma mulher em trabalho de parto. Quando você realiza uma tarefa repetitiva como tricotar você reduz o nível de adrenalina.

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Mas e depois que a criança nasce? Como fica a adrenalina?
Mas a história não acaba quando o bebê nasce, tem ainda a saída da placenta, que era até agora a ligação entre a mãe e o recém-nascido. Esta fase é chamada de “o terceiro estágio do parto”, entre o nascimento do bebê e a saída da placenta. De acordo com estudos suecos, o máximo de ocitocina que uma mulher pode liberar durante a vida toda acontece logo depois do nascimento do bebê. Não é durante o nascimento em si e provalvemente é uma quantidade maior daquela liberada durante o orgasmo ou na descida do leite. Mas para isso existem algumas condições: a liberação de ocitocina é sempre altamente dependente dos fatores ambientais : a mãe não pode estar com frio, nem pode estar distraída. O ponto máximo de ocitocina nesta hora é vital porque é necessário para que não haja sangramento na saída da placenta. E é interessante perceber que, justamente nessa fase que todas as sociedades costumam perturbar o parto dramaticamente por milhares de anos.


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