Gravidez

Senhora do parto

Imagem Senhora do parto

Publicado em 17/12/2012, às 22h00 por Redação Pais&Filhos


18/12/2012

Durante milhares de anos, parto foi assunto de mulher. As crianças nasciam em casa com a ajuda das avós, tias, parteiras. Lugar de pai era do lado de fora, esperando. Com a evolução da ciência, a partir do século 19, essa relação se inverteu e os médicos – na maioria homens – passaram a dominar esse território, agora transferido para os hospitais e maternidades. As doulas, que em grego significa mulheres que servem, aparecem como uma ponte entre esses dois mundos. Mesmo no hospital, a mulher pode ter uma acompanhante que lhe dá apoio emocional e físico, ajudando-a superar esse momento com mais tranqüilidade, mais dona da situação.


No Brasil, as doulas surgiram com esta identificação há cerca de 6 anos. De certa forma, elas assumem o papel que, antigamente, era das mães, avós, irmãs e primas mais velhas. Nos dias atuais, apesar de a gente ter muuuuuuita informação (haja Google, Discovery Home and Health e por aí vai além de milhões de exames ultramodernos), às vezes batem as dúvidas e vem aquele medão. O apoio do médico, apesar de essencial, é sempre algo mais técnico. E as enfermeiras, mesmo nos melhores hospitais, não oferecem um atendimento individualizado. Segundo o obstetra Jorge Kuhn, pai de Renata, Clara e Otávio, “a doula garante  proximidade”. Ele defende que, principalmente no parto do primeiro filho, a presença da doula é fundamental para a mãe. “Ela é muito mais importante do que o médico”, chega a dizer.


No Brasil, existem dois tipos de profissionais: as particulares e as institucionais. As particulares, contratadas individualmente pelas futuras mães, fazem um atendimento mais completo, antes, durante e após o parto.

Já as institucionais, voluntárias que atuam nos hospitais públicos, estão presentes apenas na hora do parto. Para Danielle Duarte Rufino, mãe da Luiza, que é doula desde 2003 e já atuou como voluntária num hospital público de Santos, a presença das profissionais no sistema público é fundamental, e o fato de não ter o contato prévio não chega a representar problema. “É impressionante a aceitação da parturiente, apesar de nunca ter visto a doula antes.” Para Danielle, por estar fragilizada, ansiosa, com medos e fantasias e diante de uma equipe que tem de cuidar de vários partos ao mesmo tempo, a mulher acaba percebendo a doula como alguém com quem certamente pode contar.

É importante lembrar que a profissional não executa qualquer procedimento médico, não faz exames e não cuida da saúde do recém-nascido e, o mais importante, não substitui a presença do pai na hora do parto.

Menos cesáreas

Muitas grávidas procuram as doulas tentando evitar uma cesariana desnecessária. De fato, pesquisas mostram que a atuação delas faz cair pela metade o número de cirurgias. Foi por conta de uma cesárea mal engolida que Márcia Golz, mãe de Gabriel e Felipe, procurou uma doula para acompanhá-la na segunda gravidez. “Senti muito desamparo quando fiz o primeiro parto. Fui para a maternidade e lá o atendimento foi ríspido. Senti solidão, fiquei, sem informações sobre os acontecimentos. Como meu segundo parto foi domiciliar, ela (a doula) praticamente me apoiou todo o tempo, tendo inclusive recebido o Felipe em suas mãos, uma vez que o médico chegou já em cima da hora.”  Márcia completa, traduzindo a sua satisfação, “amo as doulas, votaria nelas pra presidente”.

Há seis anos atuando como doula, Ana Cris Duarte, mãe de Julia e Henrique, participou do primeiro curso de formação do Brasil, em 2001, em Campinas, interior de São Paulo. Hoje, além de “doular”, forma as profissionais por meio do Gama, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa. Ela, assim como Márcia, conheceu o papel das doulas após uma cesárea insatisfatória. “O ideal é um parto natural com todo o suporte que a mulher possa precisar.” Hoje, ela acompanha até dez partos por mês.

Vanessa Strauss, mãe de Heloísa e Igor, conta que a presença da doula em seu primeiro parto foi essencial. “Ela diz as palavras certas nas horas certas, isso sem falar nas orientações sobre amamentação.”
Se você é um futuro pai, pode achar que essa tal de doula vai tomar o seu espaço. Mas um aspecto importante ressaltado por Vanessa é a importância que as doulas dão ao marido ou ao acompanhante escolhido pela parturiente. “A doula mostra que o pai não é coadjuvante, mas ator principal.”

Sistemas públicos de saúde de todo o país aceitam voluntárias e organizam capacitações: no Recife, há o Programa Doula Comunitária Voluntária, com cerca de 90 doulas; em Santo André (SP), o projeto Bem Nascer prepara as doulas que irão atuar nos hospitais públicos; em São Paulo, elas estão no Amparo Maternal, Hospital do Mandaqui, da Vila Penteado, Leonor Mendes de Barros e Vila Alpina. “Muitas vezes, na hora de uma contração, por exemplo, a doula é a pessoa que presta solidariedade à mulher com um certo conhecimento técnico, de quem já passou pela situação”, diz o obstetra Antonio Julio Barbosa, pai de Mariana e Arthur, que trabalha com elas há três anos. E, com esse apoio, a gente se sente muito mais senhora do próprio parto.

Consultoria – Antonio Julio Barbosa, obstetra Tel. (11) 3285-6929. Ana Cris Duarte, doula
Tels. (11) 9806-7090 e (11) 3727-1735, [email protected]
Amparo Maternal www.amparomaternal.org. Danielle Duarte Rufino, doula Tels. (13) 3568-8513 e
(13) 8133-8830 [email protected]. Doulas do Brasil www.doulas.com.br.
GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa www.maternidadeativa.com.br.
Dr. Jorge Kuhn, obstetra Tel. (11) 5579-1051, [email protected].
Prefeitura do Recife, www.recife.pe.gov.br.
Prefeitura de Santo André: www.santoandre.sp.gov.br.
Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, www.saude.sp.gov.br


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