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Comer fora

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Publicado em 03/08/2012, às 07h00 por Redação Pais&Filhos


por Raquel Gondim, filha de Tarcísio e Maria de Fátima

Quando o pequeno Benjamin precisou, basicamente, se mudar de casa para a escolinha com apenas dez meses, o inevitável sentimento de culpa bateu em Raissa Baeta, mãe de primeira viagem. E, como se não bastasse a experiência dolorosa de deixá-lo em tempo integral na mão de desconhecidos, hoje, quatro meses depois, a frustração é outra: a de estar distante do filho nas horas das refeições.

O problema de Raissa – igual ao de muitas outras mulheres que trabalham fora o dia todo – faz a tal culpa ser ainda maior considerando a idade do Benjamin. Hoje, ele vive a fase de transição das sopas e papinhas para os alimentos sólidos. Estar ausente nesses momentos aumenta o medo de que, longe dela, ele ganhe hábitos pouco saudáveis (e que podem durar a vida toda). “A culpa é pelo tempo que passamos longe de modo geral, mas, sem dúvida, um dos pontos mais difíceis é não poder acompanhar a alimentação no dia a dia”, diz.

Para amenizar esse sentimento, ela conta com as regras rígidas da escolinha e aplicou algumas em casa também. “O Benjamin não conhece doce nem refrigerante. Enquanto eu puder escolher por ele, vou escolher o melhor”, garante.

Porém, a psicóloga Débora Galvani, mãe de Laís, explica que o fato de as mães estarem longe não irá, necessariamente, estimular maus hábitos alimentares nas crianças. “A culpa vem do medo de o filho ficar mal educado e mal acostumado para comer”, explica. Ela diz que este sentimento é comum, sobretudo, entre mulheres que têm filhos de 2 a 3 anos, justamente aqueles que estão na fase de serem apresentados aos alimentos sólidos. “Na papinha, a mãe consegue colocar todos os nutrientes que julga serem necessários, mas, passada essa fase, ela perde esse controle. Além disso, nessa idade a criança começa a ficar seletiva e muitas mães tendem a achar que a seletividade é consequência de sua ausência”.

Mas não é. Nos primeiros anos de vida, as crianças começam a perceber os sabores e a selecionar o que acham mais gostoso. Para evitar a cara feia diante de frutas e vegetais, nada melhor do que estimulá-las, desde cedo, a consumir estes alimentos.  O pediatra membro do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Hélio Rocha, pai  de Carolina, Luiza e Hélio, salienta a importância de se preparar com cuidado os lanchinhos da escola.

O importante é oferecer uma dieta diversificada e rica em nutrientes, baseada em pães, queijos, carnes variadas, ovos e frutas. Das opções industrializadas, achocolatados e bebidas a base de cereal e leite são boas pedidas.

A presidente do departamento de nutrologia da SBP Virgínia Weffort, mãe de Mariana e Luiza, lembra da importância de apresentar opções diversificadas às crianças, dentro ou fora de casa. Segundo ela, para evitar a neofobia – nome dado à rejeição a novos alimentos – o essencial é garantir variedade. Principalmente, de verduras e legumes, que costumam ser deixadas no prato com maior frequência. “Para ajudar, pode-se mudar a apresentação da comida ou, até mesmo, convidar a criança para comprar o alimento e ajudar a prepará-lo de vez em quando”, sugere.  

Outro ponto que deve ser observado é a inserção da criança nos hábitos alimentares da família. Com os dentinhos prontos para serem usados, é hora de elas aprenderem a comer o mesmo que seus pais e irmãos, mesmo que isso represente algumas adaptações iniciais.

Foi o que aconteceu na casa de Raissa. Para Benjamin, não foi fácil deixar as sopinhas de lado e substituí-las por arroz e feijão. O resultado inicial foram diarreias, que intensificaram o sentimento de culpa da mãe. Desde então, a mãe tenta adaptar o tempero das refeições feitas para ela e para o marido ao paladar do filho.  

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Lanches na hora certa

As crianças devem se alimentar cinco vezes ao dia. “O grande problema é que muitos pais tendem a não respeitar a saciedade dos filhos, o que é um erro”, diz Hélio Rocha. Ou seja, mais do que limpar o prato, o importante é comer na hora certa e evitar o perigoso hábito de beliscar. “Os ‘beliscos’ são oportunidades de acesso a biscoitos e complementos fora de hora, estimulando a obesidade infantil”, lembra.

Outro erro comum das mães é incentivar o consumo de alimentos sem conhecer sua composição. “Uma coisa muito usada, por ser prática para se levar à escola e normalmente bem aceita pelas crianças, é a gelatina. Mas, trata-se de um alimento nutricionalmente pobre”, exemplifica.

O pediatra ainda diz que, independentemente do local onde serão feitas as refeições, a dieta das crianças deve seguir a seguinte matemática: 45% a 60% de carboidratos (massas, cereais, batatas etc), 30% a 40% a base de gorduras (gorduras das carnes, óleos, azeite, requeijão etc.) e entre 15% e 20% de proteínas (carnes, ovos, leite e derivados). Segundo ele, estimular o consumo de peixe, pelo menos uma vez por semana, também é saudável, por se tratar de um alimento rico em Ômega 3, que ajuda na formação do cérebro. Ainda conforme o médico, o primeiro contato com pequenas porções de carne, assim como  frutas e legumes crus, deve ocorrer aos 6 meses de idade.

Tudo bem, tudo entendido. Mas é importante saber que não tem problema ceder, de vez em quando, a frituras e a outras opções a que nossos filhos com certeza terão contato fora de casa. Se for só eventualmente mesmo, libere um pouquinho. A presidente do departamento de nutrologia da SBP diz que a dica é não ser omissa quanto à composição dos alimentos e à quantidade ingerida. Exageros, nem pensar.

Educar não é fácil mesmo, em nenhum aspecto. Mas é possível oferecer uma dieta balanceada até longe dos seus olhos. A palavra-chave para isso é “estímulo”. E não use a desculpa do fim de semana para enfiar o pé na jaca. Para as mães que têm pouco tempo, esses dias são superimportantes para incentivar hábitos que podem fazer toda a diferença na vida das crianças.

Opções de almoços e lanches para serem levados à escola

-Frango e carne suína ou de vaca (sem a gordura)
– Legumes
– Pão frances com peito de peru
– Ovos
– Achocolatados
– Sucos naturais (até 150 ml/ dia)
– Bebidas a base de cereais e leite
– Frutas
– Queijo minas

O que evitar

– Refrigerantes
– Queijo cotage
– Embutidos de aves
– Sucos artificiais
– Gelatina
– Macarrão instantâneo
– Biscoitos recheados
– Frituras em geral
– Balas e chicletes


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