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Mamãe foi trabalhar… e tudo bem!

Imagem Mamãe foi trabalhar… e tudo bem!

Publicado em 05/10/2012, às 11h45 por Redação Pais&Filhos


por Patrícia Cerqueira, mãe de Samuel e Miguel

Você sai de casa todo dia pro trabalho morrendo de culpa? Calma, seu filho está bem. Pesquisas mostram que trabalhar fora de casa produz efeitos positivos nas crianças. Saiba como é possível conseguir mais tempo com os filhos mesmo ralando longe do lar.
Todos os dias milhões de brasileiras saem de casa apressadas para o trabalho. Deixam os filhos aos cuidados de alguém – babá, empregada, avó ou professora. Passam horas no trânsito, em reuniões, visitando clientes, dando aulas, cuidando de doentes, decifrando códigos genéticos, governando. A grande maioria volta para casa depois de uma longa jornada de trabalho correndo – às vezes voando – para, principalmente, ficar com os filhos e aproveitar o restinho de tempo antes de a criança dormir. Apesar de essa rotina já fazer parte do script materno há décadas, no século 21 a culpa ainda bate forte. Em 1962 o Código Civil foi alterado, e a lei que considerava “a mulher casada uma incapaz” e que, por isso, necessitava da aprovação do marido para trabalhar, foi apagada. Este ano, quando se completam 50 anos dessa conquista, os dados oficiais mostram que 45,4% do mercado de trabalho é composto por mulheres e que as mães são maioria: 51% do total de trabalhadoras. 
Apesar do fato consumado, a mãe trabalhar fora ainda balança corações. “Sim, eu me sinto culpada. E a culpa bate mais forte quando eu não consigo levá-los ao médico”, diz Glauciana Monteiro Nunes, 30, relações-públicas e jornalista, mãe de Eduardo, 5, e Luca, 2 anos. A servidora pública federal Claudia Ramalho, 38, compartilha de sentimento parecido ao de Glauciana. “Que mãe não sente culpa pelo menos uma vez por semana por se ausentar de casa para trabalhar, mesmo sabendo que o salário feminino hoje corresponde a 50% ou mais do orçamento? Que profissional não sente culpa por precisar ligar 3, 4  vezes para casa, durante o expediente, para saber se o filho comeu, se fez a tarefa, se a febre baixou?”, questiona a mãe da Maria Clara, 10, e da Mariana, 7.
Boas notícias para as mães
Um estudo financiado pelo Economic and Social Research Council (ESRC), do Reino Unido, mostrou que as crianças ficam bem, tanto social, quanto emocionalmente, se suas mães trabalham durante os primeiros anos de vida. O estudo investigou 12 mil crianças britânicas e conclui que a ausência materna de algumas horas não tem impacto negativo sobre os filhos. 
No Brasil, a psicóloga e escritora Cecília Troiano, mãe de Beatriz e Gabriel, realizou uma pesquisa com 400 crianças, entre 6 e 22 anos, para o livro  “Aprendiz de Equilibrista: Como Ensinar os Filhos a Conciliar Família e Carreira” e concluiu que os filhos ficam bem, independentemente de a mãe trabalhar fora ou não. Segundo Cecília, o que importa é quão bem resolvida a mãe está com essa escolha, pois os filhos se adaptam à rotina da família, desde que seu básico esteja garantido. 
Foi o que aconteceu com a fonoaudióloga Adriana Abraão, mãe de Gabriel e Beatriz. Os filhos se adaptaram à rotina, às vezes imprevisível, da mãe. Justamente por conta de horários atípicos e das viagens de trabalho do marido, ela opta por ter uma funcionária morando em sua casa. “Não posso correr o risco de esperar alguém chegar na minha casa às 4h, para eu sair para trabalhar”, conta.
Além da adaptação, Cecília descobriu, ainda, que filhos de famílias com mães que não trabalham fora de casa, valorizam um pouco mais o pai. “Os filhos acham que como é o pai que sai para trabalhar, que ganha dinheiro, ele que tem um status diferente na família. Mesmo que a mãe 'rale' muito em casa”, diz ela. Já em lares em que ambos trabalham, essa idolatria do pai diminui um pouco. A alagoana Claudia Ramalho tem a certeza de que, ao sair para trabalhar fora de casa, transmite valores importantes para as filhas, como responsabilidade. “Acho importante mostrar esse lado de mulher ativa, mesmo que esteja longe de ser perfeita.”
Mas qual a razão de tanta culpa?
Cecília acredita que um dos motivos é a herança cultural. “Se ela não cuida, de certo modo, estaria contrariando a lógica social. Mesmo que, cada vez mais, os pais estejam presentes”, diz. Além disso, existem algumas idealizações a respeito da maternidade que não batem com a realidade. A primeira é de que as mães de gerações passadas tinham mais tempo de qualidade com os filhos. A história mostra que não era bem assim. Mesmo trabalhando apenas em casa, as mães eram muito ocupadas, tinham vários filhos e afazeres domésticos. “Imaginar que a interação materna do século passado era melhor do que a atual é errado”, diz Natércia Tiba, mãe de Eduardo e Ricardo, e autora do livro Mulher Sem Script. A segunda idealização é a de que a principal realização da mulher seria ter um filho, como se fosse a única fonte de satisfação feminina. “Essa idealização sócio-cultural dá a ideia errada de que a mulher não teria permissão para se realizar como profissional, como se não tivesse o direito de se sentir bem com algo além do filho”, afirma Natércia Tiba.   
A situação no século 21 é um tanto mais complicada, pois a tecnologia, em vez de nos dar mais tempo, pode acabar nos tirando atenção que devíamos dedicar às crianças. Tatiana Alves Passagem, mãe de Alice e Vítor, precisou de disciplina para conseguir se desligar dos gadgets. Articuladora de redes sociais, ela se mantinha plugada quase o tempo todo. “Bastava eles se distraírem, para que eu desse uma espiadinha no Facebook. Agora, se eles estão distraídos, eu aproveito para ver o jornal ou ler um livro”, conta. 
Glauciana, que é separada e não tem família morando por perto, resume bem como faz para que o tempo dela com os filhos seja melhor. “Entendi que o tempo que ficamos juntos tem que ser só para eles. Eu me doo, brinco, converso, olho nos olhos, digo que os amo. Mostro que suas atividades me interessam e que eu sou feliz passando meu tempo ao lado deles.” E assim Eduardo e Luca vão crescendo saudáveis, felizes e amados. Muito mais simples do que parece. 

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