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Marina Bitelman

Imagem Marina Bitelman

Publicado em 18/02/2013, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


por LARISSA PURVINNI, mãe de Carol, Duda e Babi, e MARIANA SETUBAL, filha de Cidinha e Paulo

Há três anos, Marina decidiu formar grupos de mães em sua própria casa, para discussões sobre filhos, parto, amamentação ou qualquer assunto. Participamos de um deles: no jardim, ao som de passarinhos e tomando um chá, enquanto as crianças brincavam em volta.

> Como você decidiu criar grupos de mães?
Quando tivemos nossa primeira filha, a Sofia, em 2005, eu participei de um grupo de mães e bebês. Percebi o quanto era importante ter esse momento na semana, para trocar ideia, apoiar, bater papo de uma forma descompromissada. Por mais que o marido seja um superpai, presente e parceiro, é diferente. O homem tem outra visão sobre o que é cuidar dos filhos. Estar com outras mulheres deixa as coisas mais fáceis. As culpas, os medos, as preocupações se tornam relativas.

> Quando você abriu os grupos na sua casa?
Fiquei com esse desejo no coração. Depois, a Sofia veio a falecer. Foi todo um processo de luto, de aceitarmos que ela não estava mais conosco, de continuar o casamento e seguir a vida. Aos poucos, eu fui questionando aquilo com que eu trabalhava e foi crescendo essa vontade de trabalhar com grupos de mulheres. Em 2010, fiz um curso de educadora perinatal no GAMA e, em junho, os primeiros grupos do Alegrias de Quintal começaram a se formar.
> Quantos grupos são hoje?
Tem três grupos acontecendo. Dois de mães e bebês e um de gestante com yoga. Tem uma pessoa que dá a parte de yoga e de preparação corporal e emocional para o parto junto, comigo, a Luciana Carvalho. No grupo de mães, as mulheres compartilham o que estão passando, vivendo e sentindo. Não pode ter julgamento. A função do grupo não é dizer o que é certo e o que é errado. A ideia é que a pessoa possa conhecer visões diferentes e fazer suas escolhas de forma consciente.

> Qual a dinâmica dos encontros?
São duas horas por encontro. Esse tempo está dividido entre o momento da conversa mais solta e o momento de compartilhar, em que cada pessoa fala sem ser interrompida – pode ser sobre maternidade, mas também outros assuntos como a relação com o marido, o trabalho, a sogra. A reunião não tem um tema. Cada semana tem uma coisa que está viva para as participantes e é mais importante de ser conversada. Eu trago informação para reflexão e discussão, mas o compartilhamento "livre" é muito rico.
> Você é doula e defende o parto natural, como isso é discutido nos grupos?
Essa é minha opinião pessoal. Nos grupos, apoio cada mulher em suas próprias escolhas, com informação e reflexão. O ideal é que a mulher tenha a ideia dos prós e contras de cada uma das escolhas que ela faz, tanto durante a gravidez como no parto. Mesmo que ela escolha tomar anestesia, ela está consciente do que isso significa para ela e para o bebê. Do meu ponto de vista, o parto natural, que é aquele sem nenhuma intervenção médica, é o melhor, quando é possível. Às vezes, claro, precisa de alguma intervenção para que o parto aconteça rápido e o bebê não sofra. Porém, hoje em dia, muitos médicos dizem que o bebê está cansado para induzir cesárea e muitas vezes ela não é necessária.

> Como foram os seus partos?
O nascimento da minha primeira filha foi uma cesárea e eu acho que talvez não tenha sido tão necessária. Hoje, com esse conhecimento que eu tenho, teria tentado um pouco mais, fazendo outras coisas. Em vez de ficar deitada, eu andaria um pouco mais; talvez eu não tivesse ido tão rapidamente para o hospital; eu teria uma doula. No segundo parto, eu mudei de equipe, mudei de médico e acabei precisando de intervenções. Isso me deixou um pouco frustrada. Eu acho que tem uma coisa de idealização.

> Quais intervenções você usou?
A gente estava caminhando para o parto natural, mas a bolsa estourou e o trabalho de parto não evoluía. Aí eu precisei usar oxitocina, fiquei muitas horas andando no corredor e o trabalho de parto não evoluía muito. Depois de 12 horas, continuava com apenas 1 cm de dilatação, o que pra mim foi frustrante. Fui ficando bastante desanimada. A idealização do parto natural acabou passando longe – quando tem uma intervenção a gente já chama de parto normal. Para melhorar o meu astral, a obstetra sugeriu que eu falasse o que estava me incomodando. “Vamos bater o pé no chão e reclamar de tudo ruim”. E aí a gente foi fazendo isso, fui aos poucos andando e mexendo o corpo de um outro jeito. Então pedi para o meu marido colocar músicas do Gilberto Gil, comecei a dançar e isso melhorou o meu humor. Então eu me senti pronta para o que viesse. Podia aumentar a quantidade de oxitocina, se não resolvesse eu ia tomar anestesia e se não resolvesse eu ia para a cesárea. Tomei anestesia, mas foi um parto normal e lindo!
> Todas no grupo fizeram parto normal?
Algumas tiveram experiência anterior de cesárea, como eu, e agora estão buscando uma nova experiência. E, para algumas, é a primeira vez, mas querem se preparar para ter o parto mais natural possível. As que tiveram cesárea foi porque foi necessário. Os obstetras humanizados – aqueles que buscam o parto mais natural possível – utilizam a cesárea somente quando há indicação real para ela.

> Às vezes a criança já tem meses ou anos e a mãe ainda está pensando no parto. Você não acha que tem um apego exagerado?
Sim, às vezes há um apego exagerado, mas o parto pode ser uma experiência muito marcante na vida da mulher, principalmente se ela for a protagonista, se tudo ocorrer no tempo dela e do bebê. O nascimento é muito importante e a experiência vivida é parte da história daquela mulher, teve algum sentido de acontecer assim, eu acredito.
> Mas o filho não vai lembrar do nascimento.
Acho que a gente não lembra conscientemente, mas guardamos memórias de outras formas, corporal e em outros níveis de consciência.

> Como você nasceu?
Cesárea. Eu até fico pensando se tem alguma coisa a ver, eu ter nascido de cesárea e o meu corpo não entrar em trabalho de parto. Mas eu acho que sim, tem uma valorização perigosa do parto, mas depois as pessoas acabam entrando na relação com o filho.

> A sua primeira filha faleceu muito cedo. Como foi isso?
Quando a Sofia tinha um ano e 7 meses, teve esse super susto. É uma tristeza. Mas ela veio e era o tempo dela, curtimos muito, ela era muito querida. Quando ela estava com a gente, o sonho era logo ter outro bebê, mas com a passagem dela a gente acabou deixando isso para depois. Até porque a gente acredita que não é uma coisa de um bebê substituir o outro. Ela é uma pessoa única e muito importante na nossa vida.  

> Você esperou alguns anos para ter o Daniel. Foi importante esse tempo?
Teve a parte de viver o luto, mas também teve uma coisa minha. Depois da primeira gravidez, eu tive uma tristeza materna bem leve, não foi uma depressão pós-parto, mas eu fiquei muito assustada. Para mim, foi um tanto pesado, eu achava que tinha que ser a mãe ideal e isso era impossível. Essa era uma das coisas que eu estava com receio e fez com que eu demorasse a engravidar: medo de viver as dificuldades que eu vivi e de afastamento do meu marido. O dia fica tão cansativo que você chega à noite e no pouquinho de tempo que sobra, tem que falar de tarefas.

> Você tem babá?
Uma empregada que é babá ao mesmo tempo. Eu acho mais legal do que ter uma que é só babá. Ele vê que ela não está só a serviço dele.

> O fotógrafo Thomas Farkas era o seu avô?
Sim, tenho muito orgulho dele.

> Vocês tinham um relacionamento próximo?
Ele era uma pessoa um pouco distante, mais formal. No fim da vida eu comecei a perceber que ele gostava muito de carinho. Ele tinha um lado espiritual também e eu percebi isso na passagem da Sofia. A partir de então nós nos aproximamos muito.

Pergunta Pais & Filhos

A infância passa rápido. Como fazer para aproveitar?
Eu acho que é estando presente o máximo possível em cada momento que estamos disponíveis. A gente tem que trabalhar, fazer outras coisas, mas quando a gente está junto é importante se fazer presente no sentido de não ficar pensando em outras coisas. Prestar atenção naquele momento, acompanhar o ritmo e a necessidade da criança. É mágico quando nos relacionamos assim! Às vezes a gente quer fazer mil programas com a criança e não está pensando no que o filho quer ou gosta de fazer.

Família é tudo. Você concorda?
Eu não sei se é tudo, mas é uma parte muito importante. A gente tem que ter um espaço nosso dentro e fora da família. Não pode se anular pela família, isso inclui o lado pessoal
e profissional, fazer o seu programa, esporte, se cuidar. Estou falando em relação ao marido e aos filhos e também aos pais e irmãos. Família é muito importante, mas a gente tem que ter um espaço nosso. Se a gente não cuida da gente mesmo, a gente não está disponível para os outros.


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