Publicado em 19/06/2015, às 18h09 - Atualizado em 19/10/2021, às 09h27 por Redação Pais&Filhos
A gente sabe que quando uma mulher engravida e principalmente depois que tem um filho, a vida dela muda completamente. Rotina, prioridades, desejos, sonhos… De repente existe uma outra pessoa ocupando todos esses aspectos da nossa vida e nós passamos a sentir o maior amor do mundo por alguém que até pouco tempo a gente nem conhecia. “Mães precisam ser malabaristas. Todas nós temos um quê de super-heroínas”, diz Cris Guerra, publicitária, escritora e colunista de moda que estará também no 1º Seminário de Mães.
Cris passou por uma situação bastante particular. Perdeu o marido de apenas 38 anos quando estava grávida de sete meses e teve que lutar com o conflito que se armou dentro dela: a morte de um grande amor e o nascimento de outro grande amor. Francisco chegou poucos meses depois e trouxe para Cris uma gama de novas experiências. “Gosto de falar sobre as mães imperfeitas. Todas temos um pouco disso. Ser mãe é ter que lidar com isso”, afirma Cris.
Muitas pessoas que passam por perdas procuram a publicitária e escritora para falar de sua superação, de sua luta e de sua coragem. Cris passou por alguns momentos de desespero, aqueles que dão vontade de arrancar os cabelos, sair correndo ou chorar junto, principalmente quando Francisco, hoje com oito anos, era um bebê. Cris já havia passado por dois abortos naturais e decidiu parar de tentar engravidar. Então ficou grávida e o medo se voltou para a possibilidade de perder o bebê.
“Por causa dos abortos que vivi, achei que ia ser uma mãe superprotetora. Mas sou bastante solta, gosto de falar de tudo e gosto que ele tenha liberdade”, conta. Depois de 45 dias do parto, Cris precisou voltar a trabalhar. Pouco tempo depois seu leite secou e mais uma vez o sentimento de culpa tomou conta. “Queria amamentar muito tempo. Não consegui. Muitas coisas saem do planejado”, diz a colunista de moda.
Certa vez, ela conta que Francisco estava cheio de fome e sono. Mas não conseguia mamar porque queria dormir e não conseguia dormir porque queria mamar. “Dá a chupeta”, disse a babá a uma mulher que estava decidida a não deixar seu filho chupar chupeta. Logo que colocou a chupeta na boca, Francisco dormiu e acordou mais disposto para mamar. Depois de passar por tudo isso, Cris chegou a uma conclusão que parece óbvia, mas é bastante difícil de ser aplicada no dia a dia: nós não controlamos tudo. Ou melhor, controlamos muito pouco. “Isso me faz agir com mais tranquilidade”, diz ela.
Quando a babá de Francisco não estava, principalmente aos finais de semana, Cris sentia vontade de chorar. Ela se aproximou muito da avó de Francisco, mãe de seu falecido marido. Hoje, ela é uma mãe bastante compreensiva, que gosta de dialogar. Não é muito rígida, diz claramente que as situações não permitiram que ela fosse brava. “Eu converso muito com o Francisco. Tinha tudo para ser uma mãe grudenta, mas não sou. Ele vai muito para casa doa amigos e da avó”, conta Cris.
Quando era mais nova, ela sentiu de perto o que era rejeição. Seus irmãos não a aceitavam bem porque era a irmã mais nova, bastante mimada. Quando se casou com seu segundo marido depois do nascimento de Francisco, Cris teve que abrir mão de seu relacionamento pelo filho porque o ex-marido começou a interferir na relação de mãe e filho que os dois cultivavam com tanto carinho.
Por isso, hoje Cris garante: não adianta se culpar nem se privar da vida pelo filho. “Um dia eles crescem, seguem seus próprios caminhos. Meu filho é meu amor maior, mas não vivo por ele”. E para ela é muito claro que se os pais não forem felizes sem as crianças, não serão felizes com elas. “O que faltar para você, você não vai dar para seu filho”, diz. Cris é uma mãe que buscou a felicidade enquanto mulher. “Também me coloquei como prioridade”.
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