Publicado em 07/10/2014, às 17h46 - Atualizado em 10/05/2021, às 10h13 por Redação Pais&Filhos
Unschooling. A palavra parece complicada, mas o conceito é um velho conhecido: a não escolarização. E sem novidades ou técnicas rebuscadas, unschooling é isso mesmo: tirar as crianças da escola (ou nem colocá-las) e deixá-las livres para desenvolver suas habilidades. Há diversas famílias pelo mundo que seguiram esse caminho e mostram que, talvez, não haja nada de errado com ele. Foi pensando em levar essa reflexão a outras pessoas que a atriz e diretora Clara Bellar filmou famílias e comunidades adeptas do unschooling, e o resultado desse trabalho – o documentário “Being and Becoming” (“Vivendo e Aprendendo”, em português) – está em cartaz no Festival do Rio, que segue até o dia 8 de outubro.
“Demorou muito para eu entender esse conceito, então decidi fazer o filme para conhecer mais adultos que cresceram sem escolarização, entrevistar os autores que li e famílias que optaram por esta opção em diferentes culturas”, conta Clara. E o documentário mostra exatamente isso. Diversas famílias que optaram por manter os filhos longe das escolas e que tiveram como resultado crianças independentes e criativas. “O que me intrigou bastante foi conhecer crianças que não eram escolarizadas e de ver como elas estavam felizes, seguras, como eram pessoas interessantes e interessadas em tantas coisas”, lembra a diretora.
De fato, o que mais chama a atenção em “Being and Becoming” é a forma com que as crianças e os adolescentes focam sua atenção naquilo que realmente lhes interessa – seja tocando um instrumento musical, estudando matemática aplicada ou pintando quadros, o desenvolvimento de determinados talentos realmente impressiona. Clara atribui isso ao tempo livre, destacando que “se você é constantemente interrompido, acaba aprendendo com superficialidade e fica difícil se aprofundar no assunto. Quando chega aos 18 anos, às vezes nem se lembra do que te interessava e tem dificuldade em escolher uma carreira”.
É importante deixar claro que o unschooling não pretende simplesmente deixar as crianças em casa. A ideia é colocá-las em contato com o mundo, com o meio ambiente, incentivá-las a fazer trabalhos manuais e, principalmente, a fazer parte da comunidade. E se você chegou até aqui se perguntando como se dá a vida adulta de jovens que não foram escolarizados, a resposta pode ser surpreendente. O documentário mostra diversos casos de adolescentes que, quando tiveram vontade de prestar algum tipo de prova para ter o conhecimento avaliado, foram muito bem sucedidos, sendo aceitos em renomadas universidades.
Por outro lado…
A questão é que frequentar o colégio não é garantia de sucesso na vida, da mesma forma que deixar de frequentá-lo. Afinal, como saber se o unschooling é uma irresponsabilidade ou uma opção viável de criar os filhos? Certamente, isso cabe a cada família refletir. Entretanto, é bom lembrar que essa não é uma possibilidade viável no Brasil, já que aqui os pais são obrigados por lei a manter os filhos na escola dos 4 aos 17 anos. Se essa regra não for cumprida, os pais podem ser penalizados com multa ou até mesmo com detenção.
De qualquer forma, “Being and Becoming” é um documentário superinteressante que nos faz pensar e que vale a pena ser assistido.
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