Daniele Gomes, de 35 anos, se sentiu inspirada a se formar na faculdade após o pai, Nildo, ter sido diagnosticado com Alzheimer e demência alcoólica. Ela contou que um dos maiores sonhos dele era vê-la se formando no curso de Educação Física.
Em entrevista ao portal Campo Grande News, a jovem abriu o coração e contou que Nildo, na verdade, é seu padrasto. No entanto, ele tem sido presente em sua vida desde os 3 anos de idade. Portanto, Daniele o considera como pai.
“Eu não tive contato com meu pai biológico, viemos para cá e minha mãe conheceu ele. Ela trabalhava com vendas e ele na barbearia”, contou ela. “Aos 13 anos, passei a ser atleta profissional de futsal e futebol por incentivo dele. Éramos bem humildes e como não tínhamos condições, ele me colocava na garupa da bicicleta e me levava para os treinos até debaixo da chuva”, relembrou.
Ela contou também que Nildo havia ganhado uma premiação, e com o dinheiro recebido, construiu uma casa mais confortável para ele e a família. “Morávamos na casa de madeira, como se fosse um barracão. Depois dele ter ganhado a premiação, comprou nossa primeira casa, que foi a realização de um sonho”, continuou.
Daniele também relembrou dos momentos em que ele se esforçava para agradar a neta. “Todos os dias, ele pegava a bicicleta, comprava Danone e levava para a minha filha. Mesmo que ele fizesse só dois cortes de cabelo, ele pegava o dinheiro e comprava”, disse.
Com o passar do tempo, Nildo passou a demonstrar sinais de esquecimento. Até ser diagnosticado com Alzheimer, em consequência do grande consumo de álcool. Ele esquecia os lugares para onde ele ia, começamos a notar que ele se perdia e tremia. Do dia para a noite, ele esqueceu de tudo e chegou a ficar internado várias vezes em clínicas”, contou Daniele.
A jovem compartilhou que um dos maiores sonhos do pai, era ver ela se formando no curso de Educação Física. Por conta de toda a situação, ela decidiu se dedicar aos estudos para garantir um maior conforto a Nildo. “O sonho dele era que eu me tornasse professora de Educação Física. Quando criança, eu já queria ser professora, então, comecei a estudar para dar essa vida melhor para ele e a minha filha”, afirmou.
Daniele se formou em 2018 e o pai esteve presente no evento. “Ele ficou tão emocionado, que chegou a passar mal e teve que ir embora mais cedo”, lembrou. “Depois da doença, criamos um vínculo muito grande. O afeto triplicou, peguei um amor grande, tudo que faço é pensando nele. Eu o chamo de Tchutchucão e ele fala que sou o amorzão dele”, acrescentou.
