Anna Hadley, de 15 anos, passou por um transplante inédito no mundo: ela recebeu um coração que já havia parado de bater. A britânica foi a primeira paciente de pediatria a passar pelo procedimento onde o órgão é “ressuscitado” e mantido vivo por máquinas especializadas, o chamado DCD. A menina foi diagnosticada com cardiomiopatia restritiva há dois meses e precisava de um novo órgão para se manter viva.
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Transplante de coração era única saída para condição rara de cardiomiopatia
A história de Anna é recente, mesmo que muito especial. Há pouco mais de oito semanas, ela desmaiou durante uma aula de educação física e precisou ir ao médico investigar a situação. Foi aí que a família ficou sabendo da cardiomiopatia, condição rara onde os músculos da parte inferior do coração enrijecem e impedem a circulação do sangue para o resto do corpo. O transplante costuma ser a única saída nesses casos.
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Assim como na maior parte do mundo, a fila de espera para transplante de órgãos na Inglaterra é lenta. No caso do coração ainda era necessário esperar que algum paciente tivesse morte cerebral, ou seja, mantivesse a boa condição do corpo mesmo com o fim da atividade neural. Além disso, a doação de órgãos infantis é muito menor em relação ao de adultos.
Transplante DCD ajudou Anna Hadley
Com receio da espera, a família de Anna resolveu se aprofundar na técnica alternativa, a DCD – “doação após morte circulatória”. Nela, uma máquina consegue reanimar os órgãos fora do corpo humano. Até aí, esse tipo de transplante só era feito em adultos.”Depois de pesar os riscos e benefícios potenciais do transplante de coração com DCD [em comparação] com o transplante convencional, percebemos que havia apenas uma escolha e estamos muito felizes por tê-la feito. Cinco dias após o transplante, Anna estava andando de um lado para o outro nos corredores, conversando e cumprimentando a equipe. Foi incrível”, conta o pai, Andrew, em entrevista ao Metro.
A conquista foi celebrada não só pela família de Anna, mas por todos os profissionais envolvidos no caso, como o cirurgião consultor de transplante cardiotorácico do Royal Papworth Hospital, Marius Berman: “Ninguém mais no mundo está fazendo isso atualmente. Tem sido um incrível esforço da equipe multi-institucional e multidisciplinar para tornar isso possível, envolvendo todos, desde enfermeiras especializadas em doação e recuperação de órgãos, coordenadores de transplantes, médicos e cirurgiões. Acima de tudo, nada disso seria possível sem a generosidade de cada doador e suas famílias”.