Raphael Samuel, um indiano de 27 anos, está processando os pais por um motivo mais do que inusitado: seu nascimento. É isso mesmo, ele diz que não deu permissão para nascer e portanto a decisão dos pais de ter seguido com a gestação até o nascimento dele foi um crime.
Raphael conversou com a BBC e explicou que o motivo da ação judicial que está movendo contra os pais é que “A existência humana é totalmente sem sentido.”
“A humanidade não tem sentido. Há tantas pessoas sofrendo. Se a humanidade fosse extinta, a Terra e os animais seriam mais felizes. Eles com certeza estariam melhores. E nenhum humano sofreria mais.”
Esse pensamento atual é um desenvolvimento das crenças que Rafael começou a ter ainda quando criança. Aos 5 anos, ele diz ter perguntado aos pais por que ele existia e não obteve uma resposta satisfatória. “Um dia eu estava muito frustrado e não queria ir para a escola, mas meus pais insistiam para que eu fosse. Então eu perguntei: ‘Por que vocês me tiveram?’ e meu pai não me deu uma resposta. Acho que se ele tivesse me respondido, talvez eu não teria esses pensamentos”, explicou.
O indiano acredita na anti-natalidade e diz que o nascimento força a pessoa a passar por uma vida de sofrimento pela qual não concordaram em passar, e por isso os pais deveriam ser financeiramente responsáveis pelos filhos por toda a vida.
Os pais de Rafael são advogados e parecem estar lidando com a decisão do filho com o máximo de respeito e humor possível. A mãe dele, Kavita Karnad Samuel, falou em do que admira a determinação do filho, mas não se preocupa. “Se ele puder desenvolver uma explicação racional sobre como nós poderíamos ter conseguido seu consentimento para nascer, eu aceito minha culpa.”
Rafael revelou que não está movendo a ação contra os pais por publicidade, mas que aproveita a ocasião para esclarecer para todos que não há problema em não ter filhos.
Para propagar suas crenças, ele alimenta uma página no Facebook onde publica alguns memes sobre o assunto. Um deles diz “Seus pais tiveram você ao invés de um brinquedo ou um cachorro, você não deve nada a eles, você o entretenimento deles”.
Apesar de suas crenças e das ideias que propaga, ele deixa claro que não é infeliz com a vida que leva. “Eu queria não ter nascido. Mas não é que sou infeliz com minha vida. Minha vida é boa, mas eu preferiria não estar aqui”, explica, e compara: “É como se eu estivesse em um quarto legal, mas não quero estar naquele quarto” completou.
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