A endometriose é uma doença silenciosa que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. No Brasil, pelo menos uma em cada dez mulheres tem a condição, segundo dados do Ministério da Saúde. No entanto, esse número pode ser ainda maior, já que a doença costuma ser subdiagnosticada. Agora, uma descoberta promete mudar esse cenário: um exame de sangue inovador foi desenvolvido para identificar a endometriose de forma rápida, precisa e menos invasiva. A novidade, prevista para ser lançada ainda no primeiro semestre de 2025, traz esperança para mulheres que enfrentam anos de espera por um diagnóstico correto.
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O desafio do diagnóstico tardio
A endometriose se manifesta principalmente por dor pélvica intensa, que muitas vezes é confundida com cólicas menstruais comuns. “A doença é a principal causa de infertilidade feminina e pode passar despercebida por anos, principalmente porque o uso de anticoncepcionais pode mascarar seus sintomas”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Neo Vita.
Atualmente, o diagnóstico da endometriose é feito, em grande parte, com base nos sintomas relatados pela paciente. Em alguns casos, é necessário realizar exames de imagem ou até uma laparoscopia, um procedimento cirúrgico que permite visualizar os focos da doença dentro do abdômen. Essa dificuldade de identificação acaba retardando o início do tratamento e impactando a qualidade de vida das pacientes.
Como funciona o novo exame de sangue?
Desenvolvido por cientistas australianos, o exame PromarkerEndo promete mudar essa realidade. O teste se baseia na identificação de biomarcadores específicos da endometriose no sangue. Em um estudo clínico recente, os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 749 mulheres e identificaram 10 proteínas relacionadas à doença.
Os resultados foram animadores: o exame apresentou uma precisão de 99,7% ao diferenciar casos graves de endometriose de outras condições com sintomas semelhantes. Mesmo em estágios iniciais, a taxa de acerto foi superior a 85%.
Benefícios do exame para as pacientes
De acordo com o Dr. Fernando Prado, esse avanço representa um grande salto para a medicina e para o bem-estar das mulheres. “Um exame de sangue como esse trará grandes benefícios para as pacientes, pois permitirá que o diagnóstico da doença seja realizado de maneira precoce e com maior assertividade, o que contribui significativamente para o tratamento”, afirma o especialista.
O exame será uma alternativa menos invasiva e mais acessível em comparação à laparoscopia. Além disso, poderá ser solicitado por médicos como parte da avaliação clínica inicial, reduzindo o tempo entre os primeiros sintomas e a confirmação da doença.
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O tratamento da endometriose
O tratamento da endometriose varia de acordo com a gravidade da doença e os objetivos da paciente. Segundo o Dr. Fernando Prado, as opções incluem o uso de anticoncepcionais, analgésicos, anti-inflamatórios e, em casos mais graves, a laparoscopia para remover os focos da doença. “A endometriose é uma doença crônica, o que significa que o tratamento não é definitivo, mas ajuda a controlar os sintomas”, explica.
Para mulheres que desejam engravidar e enfrentam dificuldades devido à endometriose, a reprodução assistida é uma opção. “A fertilização in vitro é um caminho viável para pacientes com endometriose. O procedimento envolve a coleta dos óvulos, que são fecundados em laboratório e implantados no útero. As taxas de sucesso não são afetadas pela doença”, completa o especialista.
O que esperar para o futuro?
Atualmente, os cientistas estão refinando os algoritmos do PromarkerEndo e preparando o exame para uso em laboratórios e clínicas. A previsão é que o teste esteja disponível na Austrália até o segundo trimestre de 2025, com esperanças de expansão para outros países em breve.
O avanço representa um passo importante na luta contra a endometriose, trazendo esperança para milhões de mulheres que aguardam um diagnóstico mais rápido e assertivo. Ficar atenta aos sintomas e buscar acompanhamento médico são atitudes essenciais para garantir a qualidade de vida e a saúde reprodutiva.