Beleza Estética: Para quê? Para quem? (RIBEIRO, 2024, p. 73)
Cresci envolvida por olhares atentos em relação à beleza das pequenas coisas. Na minha família materna, o senso estético é um valor cultivado no dia a dia. Minha avó Adelaide cultivava flores em seu jardim e sorria orgulhosa ao colocar um vaso de flores frescas na mesa. Também cuidava da sua horta. Lembro bem de como eu gostava de segurar o cesto quando ela ia colher a salada para o almoço. No pátio da casa da minha vó, eu tinha uma casinha de bonecas feita pelo meu avô, e lá eu brincava de fazer comidinhas. Minha avó dividia o que colhia comigo, e eu fazia a minha saladinha.
Essas coisas pequenas, mas de grande significado, estão comigo em minhas memórias afetivas e eu as levo comigo no meu trabalho, na minha Escola.
Assumir uma dimensão estética na Educação Infantil seria uma forma de conceber e viver o cotidiano. Seria como preparar um delicioso e farto banquete que convida os bebês e as crianças a sentir, experimentar e criar diariamente (RIBEIRO, 2024, p. 79).
Mas que tipo de beleza estamos falando aqui? O que é considerado belo nos dias de hoje?
Será que os nossos sentidos estão mais anestesiados? Como podemos transmitir para as crianças esse olhar mais sensível? Penso que é proporcionando a elas, desde cedo, a desenvolver um olhar mais sensível, a sentir que pertencem a um mundo com alma, repleto de memórias afetivas que façam sentido em seu desenvolvimento e em suas escolhas futuras.

Onde você enxerga a beleza? Já parou para se perguntar isso? Para mim, nas pequenas enormes coisas do meu dia a dia, entre elas aquela roupa usada e bem confortável que já tem os meus contornos.
Se não prestarmos atenção a essas sutilezas, acabamos perdendo o brilho da vida e nos tornando insensíveis. Simplicidade não é o mesmo que superficialidade. Como disse Leonardo da Vinci: “A simplicidade é o último grau da sofisticação.”
A estética não está presente apenas na arte. Ela está em tudo ao nosso redor: em uma casa limpa, em um pano de prato com acabamento delicado, em uma mesa bem posta, em um café fresco, em uma flor no vaso. São detalhes que tornam a vida mais acolhedora e especial.
Por isso, convido pais, educadores e todos que convivem com crianças a enxergarem o mundo com mais sensibilidade. Vamos despertar nossos sentidos e voltar a nos encantar com as coisas simples.
“É ser capaz de ver, perceber, sentir o mundo por meio de todos os sentidos, ser atravessado por ele, sair da anestesia. É a capacidade de nos assombrarmos, de dizermos um ‘UAU’, como fazem as crianças quando se deparam com o mundo e o mistério do mundo em seu cotidiano” (RIBEIRO, 2024, p. 77).
Que possamos reaprender com as crianças a enxergar a beleza, que possamos resgatar o valor das coisas simples que muitas vezes passam sem nos darmos conta.
Referências: RIBEIRO, Bruna. Infância e Educação: O valor do pequeno e do simples. São Paulo: Diálogos Embalados, 2024.