Desde que me tornei mãe, uma pergunta não sai da minha cabeça: em que mundo o meu filho vai crescer? Não falo só das mudanças climáticas ou das questões sociais que tanto me preocupam, mas também das transformações tecnológicas que estão acontecendo numa velocidade que mal conseguimos acompanhar. Entre elas, a inteligência artificial (IA) é, sem dúvida, uma das maiores revoluções do nosso tempo.
Sei que a IA já está presente em quase tudo e, aos poucos, está entrando também no universo infantil. São brinquedos inteligentes, plataformas educacionais personalizadas, desenhos interativos que respondem à voz das crianças. Às vezes me pego pensando, será que isso é bom ou ruim para o desenvolvimento das crianças?
Como mãe, o que mais desejo é que meu filho cresça saudável, criativo, crítico e capaz de lidar com o mundo ao redor. Mas confesso que me assusta pensar que talvez ele precise competir, desde cedo, com máquinas. O que anda me preocupando é que nós estamos caminhando para educar pessoas que saibam interagir com a IA, mas não estamos pensando se elas serão capazes de interagir sem a ajuda delas no futuro.
Não podemos nos perder na corrida pelo “ouro digital” e esquecermos que as crianças aprendem e se desenvolvem através da interação humana, olhando nos olhos, ouvindo histórias, brincando livremente, errando e tentando de novo. Nenhuma máquina pode substituir isso. Precisamos proporcionar momentos e atividades que estimulem a criatividade, o contato com a natureza, as interações sociais. Percebo que quando oferecemos alternativas, como brincar junto, desenhar, inventar histórias, o Gabi se envolve e se diverte muito mais do que quando fica passivamente assistindo a vídeos.

Sei que não dá para impedir que a tecnologia faça parte das nossas vidas. O futuro é digital, e a IA pode, sim, trazer oportunidades incríveis. Existem recursos que ajudam na alfabetização, jogos que estimulam o raciocínio lógico, plataformas que ensinam programação de maneira lúdica, aplicativos que aproximam crianças de diferentes partes do mundo.
Então, tentamos encontrar o equilíbrio. Nossa tarefa é garantir que a tecnologia seja uma ferramenta, e não um substituto para experiências reais. Apesar dos avanços da IA, ainda somos nós, pais e mães, que ensinamos o que realmente importa: valores, ética, empatia, amor. Nenhum robô pode abraçar uma criança depois de um dia difícil, contar uma história com emoção antes de dormir ou transmitir segurança num momento de medo. Essa conexão humana é insubstituível. Quero que o meu filho cresça sabendo que máquinas podem ajudar, mas que criatividade, sensibilidade e relações verdadeiras são o que dão sentido à vida.
No fundo, talvez esse seja o nosso maior desafio como pais na era da inteligência artificial: não perdermos o essencial enquanto avançamos no digital. E isso começa dentro de casa, nas escolhas do dia a dia, no tempo de qualidade juntos, na forma como mostramos aos nossos filhos que o mundo real é muito maior e mais bonito do que qualquer tela pode recriar.