Por Cassio Freitas e Siomar Parreira
Existem dias que mudam a gente. O batizado dos nossos filhos foi um desses dias. Não apenas porque é bonito ver a água escorrendo sobre a cabeça deles, mas porque, pela primeira vez em muito tempo, sentimos que estávamos sendo vistos pelo que somos: uma família.
Antonio e Bento são o nosso milagre. Foram sonhados, planejados, esperados. Vieram depois de tantas orações e promessas silenciosas que nem sabemos mais quantas vezes pedimos a Deus que desse certo. E deu.
Mas o caminho até o altar não foi fácil.
Houve quem dissesse que “faria por obrigação”. Houve quem deixasse claro que “não concordava com o tipo de família” que somos. E isso dói. Dói porque a gente cresce ouvindo que Deus é amor, e quando o amor se apresenta de um jeito diferente, as portas se fecham.
A gente quase acreditou que não cabia mais ali.
Até o dia em que o diácono Antonio entrou na nossa casa. Ele foi abençoar o lar e, quando chegou ao quarto dos meninos, olhou para os berços e disse com a maior naturalidade do mundo: “Vamos batizar?”
Foi simples. E foi gigantesco. Porque, naquele instante, sentimos o que é ser acolhido sem precisar se explicar.
Desde que me assumi, me afastei da Igreja. Não da fé, porque essa nunca me deixou, mas da ideia de que existia um lugar pra mim ali dentro. E talvez o batizado dos meninos tenha sido, antes de tudo, um recomeço pra nós também. A gente percebeu que ainda existem pessoas que acreditam de verdade no que pregam. Que entendem que amor é amor, ponto.
Não é sobre quem está certo ou errado, sobre regras ou dogmas. É sobre olhar para dois bebês e entender que, acima de tudo, eles são fruto de amor, e que isso basta.

O batizado foi um símbolo, sim. Mas também foi uma resposta. Foi o nosso jeito de dizer: nós existimos. E o amor que nos trouxe até aqui é o mesmo que move o mundo.
Antonio e Bento talvez ainda não entendam o tamanho disso tudo, mas um dia vão entender. E quando esse dia chegar, queremos que saibam que foram batizados não só com água, mas com fé, coragem e verdade. Eles são a prova viva de que Deus não escolhe formatos. Ele escolhe histórias.
E a nossa, com todos os desafios e conquistas, é uma história de amor. Daquelas que valem a pena ser contadas.
Cassio & Siomar
Pais de Antonio e Bento.
Pais de fé, mas, acima de tudo, de amor.











