O inverno exige um cuidado redobrado com a saúde, uma vez que as baixas temperaturas somadas à aglomerações de pessoas em locais fechados com pouca ou nenhuma ventilação favorecem a disseminação de vírus e bactérias no ambiente e, consequentemente, com o aumento de casos de doenças derivadas deles.
Um dos vírus que merece atenção, mas é pouco discutido é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), ao qual Lessandra Michelin, infectologista e gerente médica da GSK, explica: “É um vírus comum, de fácil contágio, e que geralmente causa sintomas leves, que podem ser confundidos com um resfriado, como coriza, tosse, febre e mal-estar. Ele pode afetar o sistema respiratório, como nariz, garganta, brônquios e pulmões, e é bem conhecido por pais de crianças pequenas, como sendo uma das maiores causas de infecções respiratórias em bebês e, também, é um dos principais vírus associados à bronquiolite”.

Porém não são apenas as crianças que precisam desse cuidado extra em relação a esse vírus, os idosos, com mais de 60 anos, principalmente aqueles que possuem condições crônicas de saúde (como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC, asma e insuficiência cardíaca congestiva – ICC), também fazem parte do grupo de risco da doença.
A especialista alerta: “Segundo dados de vigilância epidemiológica do Sivep-Gripe, apesar de ocorrer mais casos e hospitalizações em crianças, a letalidade em adultos com 60 anos ou mais hospitalizados com diagnóstico de VSR no Brasil chega a ser até 20 vezes maior. Em 2023, 1 em cada 5 pacientes 60+ hospitalizados com infecção por VSR evoluiu ao óbito”.
Ela ainda conta que o VSR pode ter um impacto maior que Influenza e SARS-COV-2 nos indivíduos. Nos Estados Unidos, por exemplo, anualmente, cerca de 60 a 160 mil hospitalizões e 6 a 10 mil óbitos são causados em decorrência deste vírus. Inclusive, a transmissão do VSR é muito similar a outras doenças respiratórias, por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar e contatos próximos.

Por essa razão, as formas de prevenção são bastante similares às famosas doenças de inverno: lavar as mãos com frequência; evitar tocar no rosto, olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato com pessoas infectadas; e limpar e desinfetas superfícies tocadas com frequência. Além disso, a vacinação também é uma importante aliada.
Em caso de contaminação, Lessandra esclarece: “As pessoas que estão com o VSR acabam recebendo medicamentos sintomáticos, para melhorar a febre, a dor no corpo, a congestão nasal, a tosse, mas para o vírus específico, ainda não há tratamento. O diagnóstico é clínico, mas a identificação e confirmação do VSR é feita por exames laboratoriais, como testes rápidos que detectam o antígeno viral e ensaios moleculares (como PCR-RT)” e complementa: “A maioria dos pacientes inicia a recuperação em cerca de sete dias e se restabelece totalmente, mas, entre adultos a partir de 60 anos, a recuperação é mais lenta e pode trazer impactos a longo prazo, como diminuição da independência, das atividades sociais, da produtividade, alteração do sono”.