Gina Campos, uma coletora de lixo aposentada de 45 anos, não consegue suportar a dor excruciante que tem sentido desde a trágica perda de seu filho de 21 anos, Matheus Campos Silva, que foi morto em 25 de abril em São Paulo quando foi atropelado por um veículo no Viaduto Júlio de Mesquita Filho.O motorista, Christopher Rodrigues, de 27 anos, que trabalhava para um aplicativo de transporte, gravou um vídeo do incidente, enquanto Matheus, a quem ele acusou de roubar seu celular, agoniava debaixo de seu carro e implorava por ajuda. Gina só teve notícias do filho quando ouviu falar sobre o ocorrido mais tarde na TV.
A mãe enlutada tem dificuldade para falar sobre Matheus desde aquele dia. O jovem era seu único filho, que costumava vender doces e capas para celular em sinais de trânsito. Em entrevista ao O Globo, a mãe conta: “Ele era um menino grande que me abraçava e dizia: ‘Mãe, eu te amo’”. A mãe afirma que tem muitas perguntas sem resposta, como do por que o motorista não relatou o roubo e chamou a polícia em vez de recorrer a tamanha brutalidade.
Gina diz que vem sendo difícil lidar com a perda de seu filho e ao mesmo tempo que tem que lidar com sua doença renal e diabetes, que a deixaram quase cega e necessitando de diálise regular. Ela se aposentou no ano passado depois de trabalhar por nove anos como coletora de lixo, limpando a comunidade onde morava.
Matheus a ajudava financeiramente com o que podia. Ele começou a trabalhar como vendedor ambulante quando tinha 16 anos e costumava caminhar longas distâncias para vender seus produtos, para sustentar sua família, que vive em uma área de baixa renda de Capão Redondo. Gina o lembra como um adolescente comunicativo que nunca pediu roupas ou sapatos caros e que estava contente com artigos em segunda mão que ela comprava para ele em lojas de caridade ou até mesmo encontrava no lixo. Ela diz que ele nunca reclamou das circunstâncias difíceis e sempre foi grato pelo que tinha.
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