José Carlos, de Manaus, está em Porto Velho a trabalho. Ele precisou viajar antes da família, e iria reencontrá-la na última sexta-feira, 3, na capital de Rondônia. Sua esposa e seu filho embarcaram em Manaus na quinta-feira, 2, mas ambos não chegaram ao destino no dia previsto. Após dois dias sem notícias, o pai descobriu que estavam atolados na BR-319 há três dias, no meio da mata.
O G1 teve conhecimento desta história após o pai manauara não receber mais notícias da mulher sobre a sua localização. O homem conta que descobriu a situação que sua família se encontrava após entrar em contato com a empresa rodoviária responsável pelo ônibus.
“Eu fui atrás de notícias da minha esposa e filho, porque eles não chegavam em Porto Velho, nem mandavam mensagem, nem nada. Eu fui na empresa, aí me passaram as fotos e a situação do pessoal na estrada. Perguntei se minha família está se alimentando, e eles disseram que ‘todos estão se ajudando’”, diz o representante comercial.

O local onde está o ônibus da família de José fica a cerca de 300 quilômetros de Porto Velho, em um dos pontos mais críticos da rodovia: trecho onde começa a estrada de terra e, com as fortes chuvas, comprometem a faixa de terra com atoleiros extremamente perigosos. A mais de 30 anos, a BR segue imprópria para circulação de automóveis leves e, especialmente, pesados.
“Tô agoniado aqui, não estou nem conseguindo trabalhar com o nervosismo. Dois dias dormindo no meio da mata, sem sinal, sem tomar banho. Lá é mata, não tem nada perto. Um monte de caminhoneiro, minha esposa e meu filho lá, eu fico agoniado”, desabafou José.
Neste sábado, 4, máquinas para ajudar a desatolar os veículos e suprimentos como água e comida, foram levados para as vítimas isoladas no local. Os esforços para resolver este problema vem da Associação Amigos da BR, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).