**Texto por Bárbara Siega Franzner, mãe de José, Bel e Léo, e idealizadora da Welpie, uma marca cheia de amor e propósito. Como mãe, ela sentia falta de uma marca nacional que unisse qualidade e praticidade, e viu uma oportunidade de empreender enquanto gestava, amamentava, e curtia os filhotes. Bárbara ama se comunicar, divide o dia a dia no Instagram, e tem uma relação bastante próxima com as clientes e seguidoras (@welpiebaby).
Tinha tudo para ser mais uma terça-feira comum. Mas não foi. Foi o dia que eu virei uma chave. Há alguns anos tenho começado uma jornada de autoconhecimento na terapia. Eu não me organizo para fazer minhas sessões com a frequência que eu deveria, sou quase uma turista, e essa sessão eu quase desmarquei mais uma vez.
A primeira pauta era a fase desafiadora que estou vivendo com as brigas e provocações constantes entre meus filhos, José e Isabel. É briga para tudo. Qual música vai tocar primeiro no caminho pra escola, quem sai primeiro do carro, quem fala primeiro, quem pegou o que de quem, e a lista não tem fim. É de exaurir qualquer ser humano.
Estava na pauta também o quanto eu estou sobrecarregada no trabalho, e como está difícil manter um certo equilíbrio entre a mãe que eu quero ser e a profissional que a Welpie está precisando que eu seja. Está muito desafiador gerenciar uma equipe que não para de crescer com menos horas fisicamente no trabalho em virtude de todos as funções do dia a dia que eu exerço com meus três filhotes.
E, como de costume, o velho problema de sempre, que está presente nas minhas sessões há muito tempo. Por mais que eu tente mudar, eu sigo com essa mania de acumular mais e mais coisas para fazer tanto com as crianças quanto na Welpie.
Ao longo da conversa fui tendo vários insights de como tentar mudar essa sensação de que estou sempre em dívida com meu trabalho, ou com as crianças. Preciso aprender a apreciar o quanto eu faço – que não é pouco – em vez de me concentrar no que ficou para amanhã.
Para amenizar as brigas entre os irmãos, que antes eram inseparáveis, concluímos que eles precisam de mais individualidade e momentos a sós comigo. Vou me organizar para tentar incluir momentos individuais na nossa rotina, na esperança de que essa mudança nos ajude a superar essa fase tão desafiadora.
A sessão estava quase no fim, e já me sentia animada com as mudanças e pequenas metas para as próximas semanas. Mas foi nos minutos finais que virei a chave.
Em um assunto inesperado, toquei em um ponto que me marcou profundamente. Apesar de ter lido “As 5 linguagens do amor”, e ter consciência que as pessoas são diferentes e expressam afeto também de maneiras diferentes umas das outras. Até o momento eu ainda não tinha percebido o quanto eu já contei histórias na minha cabeça sobre situações e pessoas. O quanto já criei expectativas que não foram supridas, já sofri, e ainda sofro, puramente porque eu tenho uma dificuldade imensa de perceber que algumas pessoas são o meu completo oposto em sua forma de demonstrar amor. Tenho dificuldade de perceber o amor em linguagens que não familiares ou naturais para mim. Eu amo me comunicar e expressar amor através de palavras. Mas quando alguém demonstra seu amor através de atos e serviços, cuidando, ajudando e se preocupando sem se expressar verbalmente, tenho dificuldade em reconhecê-lo.
Parece tão simples, né? Mas para mim não é. Eu já fantasiei falta de afeto, preocupação, e fiz comparações dolorosas, puramente por não conseguir interpretar o amor em formas de expressá-lo diferente das minhas. Já derramei muitas lágrimas desnecessárias por não conseguir fazer a leitura da linguagem do amor de pessoas próximas.
Tenho um longo caminho pela frente para desenvolver essa sensibilidade, mas a simples consciência dessa dificuldade já me libertou de muitos fantasmas. Ao me tornar consciente, deixei de lado dores e ressentimentos que carreguei comigo por bastante tempo.
Convido você a refletir se você sem perceber já não contou histórias mirabolantes na sua cabeça puramente por esperar receber amor da mesma forma que você o daria. Eu tenho certeza que essa mudança de olhar irá impactar de forma muito positiva os seus relacionamentos e provavelmente irá refletir também na sua maternidade.
