Hoje parece onipresente a presença da sigla IA – Inteligência Artificial. Ela está por todos os lados para onde olhamos. A sensação que fica é que não há outra inteligência no mundo a não ser essa.
Sem dúvida, há grandes avanços já instalados frutos da IA e outros tantos que virão em muitas áreas de nossas vidas. Alguns deles, de fato, irão beneficiar e muito nossas vidas, incluindo uma melhora de produtividade e assertividade em muitos campos.

Mas tem uma inteligência bastante humana e nada artificial que acredito que nunca terá como ser substituída, a que chamo de IP – Inteligência da Paternalidade. Não há máquina, algoritmo ou big data que possa substituí-la e é dela que dependemos para sermos melhores pais ou mães.
Por mais que tenhamos hoje muitas ferramentas de IA que possam apoiar de N formas pais e mães, nenhuma delas traz mais inteligência maternal ou paternal. Para essa inteligência, nossa sensibilidade, cuidado, intuição e capacidade de adaptação ainda serão fundamentais.
Por conta disso, trago duas notícias, uma boa e outra nem tanto. A boa notícia é que não seremos substituídos por máquinas na educação de nossos filhos. A má notícia é que precisaremos continuar investindo em nossos aprimoramentos como pessoas. Isso implica trabalhar e lidar com nossas emoções, medos, inseguranças e outras áreas cinzentas de nosso cérebro.
Dou um exemplo concreto. Resolvi pedir ao Co-Pilot (ferramenta de Chat-GPT da Microsoft) que me ajudasse a lidar com um desafio hipotético. A pergunta que fiz foi: “Meu filho de 3 anos chora toda vez que saio para trabalhar, o que posso fazer?”. A resposta que veio trouxe 6 dicas que eu poderia seguir, entre elas, fazer uma adaptação gradual, começando com períodos curtos de separação e dar a ele um objeto de conforto para que ele possa abraçar nos períodos de minha ausência.
Todas as respostas que o Chat-GPD podem ser consideradas “corretas”, elas reproduzem um bom senso. Mas elas não podem ser transportadas de forma literal para o meu filho hipotético. Sabe por quê? Simplesmente porque elas são genéricas e não levaram em consideração o meu filho.
As dicas retratam a média das crianças de 3 anos e uma criança “média” não necessariamente é meu filho e, igualá-lo à média, pode ser muito perigoso. A média não é nada inteligente. Para ilustrar o risco da média, conto uma historinha apenas como anedota mas que deixa o conceito claro.
Uma piscina tem em média 1,5 metro de profundidade. Se alguém tem 1,65m pressuponho que a piscina é segura para ela, certo? Errado! A piscina pode ter em alguns lugares a profundidade de 2 metros e, neste lugar, a pessoa sem dar pé iria se afogar caso não saiba nadar. A média leva ao erro e no meu exemplo, mesmo trágico, iria levar a pessoa a se afogar!
Meu ponto aqui é bastante simples. Nossa inteligência da paternalidade, que chamo carinhosamente de IP é e será sempre fundamental para “calibrar” o que vale ou não vale para cada um de nossos filhos. A sensibilidade é e sempre será uma prerrogativa dos pais.
Aqui, me desculpem, a inteligência artificial não tem vez. E eu sou uma das que celebram a beleza disso. A vida de pais e filhos ainda depende do olho no olho, do toque, do cheiro e dos momentos juntos. Que bom, a IP está mais viva do que nunca.