Uma mãe solo de 45 anos, moradora da Zona Leste de São Paulo, decidiu criar produtos com representatividade negra para a filha após crescer em um ambiente sem personagens iguais a ela.
Márcia de Jesus contou para a Folha de São Paulo que cresceu em uma mídia com princesas da Disney e também Xuxa e as Paquitas, e por causa disso, nunca sentiu que estava sendo representada pelos produtos que consumia. Para a filha Valentina, de 8 anos, nunca passar por essa mesma situação, Márcia começou a criar por conta própria produtos com personagens negros.

Ela teve a inspiração no começo de 2020, quando adquiriu uma mochila para a filha. O diferencial era que a mochila vinha acompanhada de uma boneca negra pendurada que alegrou Valentina: “Ela ficou tão feliz com aquilo e isso me tocou muito”. Márcia, então, decidiu espalhar essa alegria para outras pessoas: “Comecei com chinelos com estampa afro, depois passei para canecas, moletons e vestidos. Cheguei a participar de uma feira, mas logo veio a pandemia e tive que recorrer aos grupos virtuais e feiras on-line para vender”.
Assim como foi a inspiração do projeto, Valentina também foi o teste para o projeto. Márcia explicou que foi por lá que ela testou os produtos: “Fiz colcha, fronha e lençol da Black Princess e foi muito bacana ver a reação dela. A representatividade e a aceitação devem começar dentro da própria casa. O quarto da criança é o seu cantinho e precisa ter a cara dela”. A vocação para esse nicho de roupa de cama infantil veio justamente por ser pouco explorado pelas empresas.

Fora isso, Márcia é responsável por toda a linha de produção: “Eu faço tudo sozinha. Compro as estampas, vou despachar as encomendas nos Correios, posto nas redes sociais, falo com os clientes, enfim, é bem difícil”.










