Um estudo feito pela Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, e publicado nesta quinta-feira, 5 de novembro, descobriu que crianças e adultos produzem anticorpos diferentes contra a covid-19. As variações nos anticorpos sugerem que a diferença na resposta imune das crianças faz com que a maioria deles elimine o vírus de forma mais rápida do organismo.
O estudo fornece uma análise aprofundada dos anticorpos do Covid-19 em crianças, o que possibilitou descobrir essas diferenças. “Em crianças, o curso infeccioso é muito mais curto e provavelmente não tão disseminado como em adultos. Elas podem eliminar este vírus com mais eficiência sem precisar de uma forte resposta imunológica tão intensa para se livrar dele” disse Donna Farber, a imunologista da Universidade de Columbia que liderou o estudo, em nota.
Ela explicou que essa característica das crianças é comum também no caso de outras doenças. “É para isso que o sistema imunológico delas foi projetado. As crianças têm muitas células de defesa ingênuas que são capazes de reconhecer todos os tipos de novos patógenos, enquanto as pessoas mais velhas dependem mais das memórias imunológicas. Não somos tão capazes de responder a um novo patógeno como as crianças”, explicou.
A pesquisa estudou o caso de 47 crianças infectadas com Covid -19. Dessas, metade não apresentava nenhum sintoma da doença. Os exames infantis foram comparados aos de 32 adultos que tiveram desde sintomas leves até complicações que precisaram ser tratadas em UTI. Todas as crianças apresentaram uma resposta imunológica diferente da dos adultos.
Elas produziram menos anticorpos contra a proteína que o vírus utiliza para infectar células humanas. Os anticorpos das crianças tiveram menor atividade neutralizante, enquanto o dos adultos, incluindo jovens na casa dos 20 anos, produziram mais células desse tipo. Os adultos mais doentes foram os que tiveram a maior atividade mais neutralizante.
“Há uma conexão entre a magnitude de sua resposta imune e a magnitude da infecção: quanto mais grave a infecção, mais robusta a resposta imune, porque você precisa ter mais células para eliminar uma dose elevada de um patógeno. Isso sugere que, em crianças, a infecção não se espalha muito e não mata um número grande de suas células. Como as crianças eliminam o vírus rapidamente, elas não têm uma infecção generalizada e não precisam de uma resposta forte de anticorpos”, explicou Faber.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o curso reduzido da infecção em crianças poderia significar que elas têm a infecção por um período mais curto em comparação com os adultos e, portanto, são menos propensas a transmitir o vírus. Apesar disso, ainda não se sabe como as crianças são capazes de eliminar o vírus mais facilmente, ponto que os pesquisadores pretendem trabalhar daqui para frente.
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