Mãe dá à luz durante o banho sem ter a menor ideia que estava grávida

Natural do Mato Grosso, Aymee Almeida, 20 anos, se mudou para Curitiba para fazer cursinho em 2018. A jovem tinha como foco passar no vestibular e cursar medicina. Como estava muito focada nas aulas, a rotina da garota mudou completamente e ela acabou deixando de lado os exercícios físicos, além de diminuir os momentos de descontração, como festas e bares.

Na época, Aymee contou ter vivido um relacionamento abusivo. “Emagreci muito por conta disso, mas como me alimentava de comidas sem valor nutricional, como hambúrguer e macarrão instantâneo, ganhei peso rapidamente. Não me importei e justificava por falta de tempo”, disse ela à UOL.

Alguns meses depois, a garota começou a se sentir mal e ter quedas de pressão. Ela chegou a procurar um médico, que relatou que o motivo das mudanças provavelmente seria algo relacionado à questão emocional. “Como tinha sangramentos que achava que eram períodos de menstruação, a possibilidade de gravidez foi logo descartada”, completou.

Como não havia muito que podia fazer, a garota continuou normalmente com a rotina de estudos. Foi então que, quando chegou o tão esperado ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), a garota notou mais um sintoma: os pés estavam inchados.

A mãe e a avó, que sofrem por problemas vasculares, logo levou-a ao médico “Ouvi que deveria ser algo relacionado ao meu rim e ficamos de fazer exames depois que a segunda fase passasse”, relembrou.

Em uma quinta-feira, ela estava no cursinho e começou a sentir cólicas. Determinada, a garota continuou na aula apesar das dores. No fim do dia, ela foi até a casa com umas amigas e lá aproveitou para tomar um banho, que serviu como remédio imediato às dores.

Pouco depois, no entanto, as dores voltaram. Mesmo sendo de madrugada, a garota voltou ao chuveiro, na esperança de melhorar. Ela fez isso mais duas vezes. Na terceira vez que foi ao banho, ela sentou no chão e não conseguiu mais levantar. “Era tão intenso que eu só chorava. Não tinha forças para buscar meu celular no quarto e pedir ajuda. Comecei a fazer força involuntariamente, segurando no boxe”.

Como não estava esperando, ela não conseguiu identificar o que o que o corpo estava tentando fazer. “Só percebi o que estava acontecendo com a cabeça do neném já saindo. Não deu tempo nem de ficar surpresa. Para se ter uma ideia, nem passou pela minha cabeça chamar uma ambulância. Só pensava que precisava manter ele bem”, revelou ao UOL .

No desespero, Aymee conseguiu salvar a própria vida e a do filho com ações dignas de filme. Com uma faca, ela cortou o cordão umbilical  – e, por sorte, fez um corte certeiro -, tirou a própria placenta com a ajuda de um vídeo da internet deu banho no bebê e ainda limpou todos os vestígios do parto para não assustar a colega com quem dividia a casa.

A ginecologista Karina Tafner, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pelo Hospital Santa Casa de São Paulo, disse à UOL que o parto normal, quando ocorre sem complicações, pode realmente ser realizado sem ajuda, como foi o caso da jovem. Ela ressaltou, no entanto, que isso não é recomendado, uma vez que pode causar uma série de problemas.

Com medo do que havia acontecido e da reação dos pais e colegas, Aymee evitou ir ao médico, mas acabou indo pela insistência da amiga. Apesar de todas as complicações, a mãe e o filho, que hoje tem um ano e meio, ficaram bem.

Hoje a jovem cursa enfermagem na cidade natal, Cáceres (MT), e afirma estar realizada com o curso. “Confesso que demorou um tempo para me ver como mãe. Não tive tempo para me preparar. Mas acredito que hoje sou uma mãe ainda melhor do que esperava que seria”, finalizou.

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