Quando se pensa em amamentação, o foco quase sempre recai sobre a mãe e o bebê. Mas uma nova pesquisa veio para virar essa lógica de ponta-cabeça — ou, pelo menos, para ampliá-la. E o nome dessa mudança tem tudo a ver com presença: licença-paternidade.
Um estudo feito nos Estados Unidos, liderado por pesquisadores da Universidade Northwestern e do Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie de Chicago, observou que quando os pais tiram ao menos duas semanas de licença após o nascimento do filho, a chance de a amamentação continuar até pelo menos a oitava semana cresce significativamente. Estamos falando de um aumento de 31%.
O que os pais têm a ver com o sucesso da amamentação?
A resposta é: mais do que se imagina. O estudo analisou 240 pais empregados no estado da Geórgia e foi o primeiro do tipo no país a ouvir os homens sobre o impacto da licença-paternidade no início da vida dos filhos. O resultado mostrou que o envolvimento direto dos pais influencia não apenas no vínculo com o bebê, mas também na capacidade das mães de manter a amamentação por mais tempo.
Nas famílias em que os pais puderam se afastar do trabalho por pelo menos duas semanas, o número de mães que ainda estavam amamentando na oitava semana foi 25% maior em comparação com as famílias onde os pais voltaram ao trabalho mais cedo.
Mais do que apoio emocional
A explicação não é mágica: é prática. A presença ativa do pai nos primeiros dias é um alívio essencial para as mães. Isso significa compartilhar tarefas como segurar o bebê enquanto a mãe descansa, cuidar das trocas de fraldas, preparar refeições e até garantir que ela esteja bem hidratada, tudo isso conta para que ela consiga se recuperar melhor do parto e se dedicar à amamentação com menos estresse.
Além disso, sentir-se apoiada faz diferença no lado emocional. E qualquer mãe que já passou pelas noites em claro sabe como isso pode impactar diretamente na produção de leite e na decisão de continuar amamentando.

Amamentar não precisa ser uma jornada solitária
Por muitos anos, a amamentação foi vista como um território exclusivamente feminino. Mas a realidade é que ela também é afetada pelo contexto ao redor da mãe. O estudo reforça que dividir as responsabilidades do cuidado com o recém-nascido desde o início torna a experiência mais sustentável e, para muitos casais, mais leve também.
Mesmo com todos os benefícios conhecidos do leite materno, manter a amamentação nos primeiros meses pode ser desafiador. E ter ao lado um parceiro envolvido faz toda a diferença nesse processo.
Presença importa e muito!
Esse tipo de descoberta ajuda a abrir espaço para discussões importantes sobre políticas públicas de apoio às famílias. Licenças-paternidade mais longas, ambientes de trabalho que incentivem o cuidado compartilhado e acesso à informação são passos fundamentais para garantir que mães e bebês recebam o suporte de que precisam.
A participação do pai não começa só quando o bebê já está maior. Desde os primeiros dias, fazer parte da rotina, apoiar e dividir os cuidados pode influenciar positivamente não só o bem-estar da mãe, mas também a saúde do bebê.