Com a chegada de uma pandemia, as dúvidas e preocupações sobre a amamentação aumentaram ainda mais. Segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os bebês com até seis meses de vida devem ser alimentados exclusivamente do leite materno e deste período até os dois anos, também com o acréscimo de outros alimentos.
Mas como fica toda a situação com o coronavírus? De acordo com a OMS, Ministério da Saúde, FEBRASGO, Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade de Pediatria de São Paulo, o aleitamento materno deve ser mantido mas com algumas recomendações. Respectivamente, os órgãos indicam que:
- O aleitamento materno deve ser mantido desde a sala de parto, no alojamento conjunto, em UTIN e em casa;
- Válido para lactantes assintomáticas, suspeitas ou comprovadamente com COVID-19;
- Se a mãe não estiver se sentindo confortável em amamentar, ela pode extrair o leite e pedir para que outra pessoa saudável , devidamente orientada, utilize copinhos ou colheres, dependendo da idade da criança;
Independente da situação sorológica:
- lavagem das mãos por 20 segundos antes e depois do processo (amamentar ou extrair o leite materno);
- uso de máscaras do início ao final do processo;
- evitar tocar nas mãos do bebê (que pode levá-las à boca) e que o bebê coloque suas mãos no rosto (boca, nariz, bochechas) e cabelos da mãe;
- ao final da mamada, pedir a outra pessoa (especialmente as mães COVID-19 suspeitas, sintomáticas ou confirmadas) que faça a oferta do leite, em caso de ter sido retirado, e que depois complete os cuidados com o bebê (cuidando das trocas, banho e colocar para dormir).
Segundo a ginecologista e obstetra Evelyn Prete, alguns mitos chegam a assustar as mães durante este processo, mas podem ser evitados com alguns cuidados simples. Veja quais são eles e o que ainda é necessário seguir durante a amamentação:
Enquanto amamento, não posso medir minha temperatura pela axila?
“Por conta da amamentação, as mamas apresentam uma temperatura mais elevada e podem dar uma falsa febre“, explica a obstetra. Como alternativa, Evelyn indica que a aferição seja feita a partir da temperatura oral, que é quando se coloca o termômetro embaixo da língua.
Estou com coronavírus. Posso passar para o meu filho pelo leite materno?
Até o momento não existem estudos que comprovem cientificamente a transmissão da COVID-19 pela amamentação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a partir de um comunicado, é explicado que “os benefícios do processo chegam a ser superiores aos riscos de transmissão do vírus“, portanto, se for da vontade da mãe, ela poderá continuar amamentando.
Posso amamentar se estiver com sintomas de COVID-19 ou com o teste confirmado?
Sim! Neste caso, Evelyn indica que o aleitamento seja mantido, “mas higienizando as mãos antes e depois da mamada, usando máscara durante a amamentação e depois manter o berço do bebê afastado do local onde ela costuma ficar. As trocas de fralda e outras possíveis manipulações do bebê, de preferência devem ser feitas por outra pessoa”.
Tive coronavírus e me curei. Se desenvolvi anticorpos posso passar para o meu filho pelo leite materno?
O leite materno, como alguns estudos comprovaram, indicaram a presença de anticorpos para o vírus, mas até o momento não existem comprovações científicas de que eles possam ser passados para o bebê. “Não se sabe o suficiente sobre imunidade ao coronavírus e por isso todos os cuidados devem ser mantidos”, indica.
Se o bebê estiver doente, um dos sintomas pode ser a dificuldade para mamar?
É verdade, mas isso pode acontecer para qualquer outra doença, sem ser exclusivo para o coronavírus. “Ainda não se sabe se há sintomas específicos para bebês com Covid-19 e a grande maioria permanece assintomático, mas no caso das doenças respiratórias no bebê, como pneumonia ou outras infecções, pode começar a manifestar cansaço ao mamar, assim como diminuição de apetite o fazendo diminuir a frequência das mamadas, principalmente na vigência de febre”, completa a obstetra.