A partir do dia 1º de julho, o calendário de vacinação infantil no Brasil passará por uma atualização importante. Bebês de 12 meses, que antes recebiam a dose de reforço contra o meningococo tipo C, passarão a receber a vacina meningocócica ACWY, que protege contra quatro variações da bactéria Neisseria meningitidis: os sorogrupos A, C, W e Y.
A mudança vem para ampliar a cobertura contra formas graves da doença, como a meningite bacteriana e a meningococcemia, uma infecção severa que atinge a corrente sanguínea. Segundo dados oficiais, só em 2024 já foram registrados 361 casos de meningite causada por meningococos no país, com 61 óbitos.
Ampliação é uma resposta ao cenário atual
Especialistas apontam que essa alteração é uma medida preventiva diante do aumento de casos relacionados a outros tipos de meningococo além do C. A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo, destaca:
“No Brasil, o sorogrupo que mais preocupa, além do C, é o W. A gente observou aumentos de incidência importantes, principalmente nos estados do Sul do país, recentemente. Então, essa mudança representa uma ampliação da proteção contra sorogrupos que são um risco, principalmente para as crianças.”
O que muda no calendário de vacinação
Atualmente, os bebês recebem três doses contra meningite tipo C: a primeira aos 3 meses, a segunda aos 6 e o reforço aos 12 meses. Com a nova estratégia, somente essa última dose será alterada, passando a ser feita com a versão ACWY da vacina.
A vacina ACWY já está disponível no SUS, mas era restrita a adolescentes entre 11 e 14 anos. Agora, passa a proteger também bebês de 1 ano. Não é necessário repetir as doses anteriores em quem já seguiu o esquema com a vacina tipo C. No entanto, crianças que não receberam o reforço aos 12 meses poderão completá-lo com a nova vacina, desde que tenham menos de 5 anos.

Ministério da Saúde reforça impacto da vacinação
A decisão do Ministério da Saúde segue diretrizes internacionais de enfrentamento da meningite. Em nota técnica, a pasta afirma: “A efetividade e o impacto desses imunobiológicos no Brasil [trouxeram] redução na incidência da doença meningocócica, em pessoas vacinadas e não vacinadas.”
Apesar disso, o alerta permanece para as formas bacterianas da doença, especialmente as provocadas por Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae.
Outras vacinas continuam fundamentais
Além da vacina contra o meningococo, o Sistema Único de Saúde oferece proteção contra outros agentes infecciosos que causam meningite, como o pneumococo e o Haemophilus influenzae tipo b. Essas vacinas seguem disponíveis nas unidades de saúde e são essenciais para manter a proteção em dia durante a infância.