Quem tem um cachorro em casa sabe: eles costumam virar parte da família rapidinho. Alguns ficam ali por perto, observando o novo integrante da casa dormir, outros mostram seu lado protetor quando escutam qualquer barulho suspeito. Mas, além de carinho e companhia, esses amigos de quatro patas podem trazer outro benefício para os bebês. Um novo estudo sugere que a convivência precoce com cães pode ajudar a proteger algumas crianças contra o eczema.
A pesquisa foi realizada por uma equipe internacional de cientistas de universidades do Reino Unido e da Alemanha. Os pesquisadores analisaram dados de quase 300 mil pessoas para entender como fatores ambientais podem impactar o risco de eczema em crianças que já têm uma predisposição genética para a doença.
Mas, como toda pesquisa, essa também traz algumas limitações. Por isso, especialistas reforçam que é importante entender os sinais da condição e buscar os tratamentos corretos.
Como funciona a relação entre cachorros e eczema em crianças
O eczema, especialmente na forma conhecida como dermatite atópica, é uma condição bastante comum. Estima-se que até 20% das crianças possam ser afetadas por esse problema. Normalmente, as lesões aparecem no rosto, braços e pernas, e costumam ser bastante incômodas, com coceiras intensas. O problema pode ser agravado por infecções causadas pelo ato constante de coçar a pele.
Esse tipo de eczema está frequentemente ligado a um defeito em um gene chamado filagrina. E foi justamente essa relação genética que chamou a atenção dos pesquisadores. Eles queriam saber como fatores ambientais poderiam interagir com essa predisposição.
Primeiro, os cientistas analisaram dados de 25 mil pessoas e identificaram sete fatores ambientais que poderiam ter alguma ligação com o desenvolvimento de eczema. Entre eles estavam:
- Ter cachorro em casa
- Ter gato em casa
- Ter irmãos mais velhos
- Amamentação
- Exposição ao fumo
- Uso de antibióticos
- Hábitos de higiene e banho
Depois, a pesquisa foi ampliada para um grupo muito maior, com quase 255 mil participantes. Foi aí que eles perceberam uma conexão entre a presença de cachorros na infância e um dos genes relacionados ao eczema. Em outras palavras, quem tinha um cachorro em casa desde cedo não apresentava um aumento no risco de desenvolver a doença.
Essa ideia também foi confirmada em laboratório, onde células da pele humana expostas a alérgenos de cães mostraram uma diminuição de moléculas inflamatórias.

Por que ter um cachorro pode ajudar a prevenir o eczema
A teoria por trás dessa descoberta é que a convivência com cães logo nos primeiros meses de vida pode ajudar o sistema imunológico a se desenvolver de forma equilibrada. Isso faz com que o corpo não reaja de maneira exagerada a estímulos comuns, o que pode diminuir o risco de surgimento do eczema.
Apesar da descoberta animadora, os especialistas explicam que o estudo ainda não conseguiu esclarecer completamente como os cães oferecem essa proteção. Além disso, a pesquisa focou em uma variante genética mais comum em populações europeias. Por isso, os dados ainda podem não refletir a realidade de todas as famílias, especialmente em diferentes regiões e grupos étnicos.
Outra dúvida que permanece é sobre o impacto da convivência com cães no desenvolvimento de alergias. Como eczema, alergias e asma costumam estar relacionados, existe a possibilidade de que os cachorros também influenciem esses quadros. No entanto, esse estudo específico não conseguiu provar essa relação. E mais: para crianças que já têm alergia a cães, o contato pode piorar a situação.
O que fazer se suspeitar que seu filho tem eczema
Independentemente de ter cachorro ou não em casa, o mais importante é procurar um profissional de saúde ao perceber sinais de eczema na criança. O acompanhamento com um pediatra ou dermatologista especializado pode fazer toda a diferença no controle da doença.
O tratamento geralmente inclui o uso de hidratantes sem fragrância diariamente, banhos rápidos com água morna e a aplicação imediata de cremes hidratantes após o banho. Também é recomendado evitar sabonetes irritantes, tecidos ásperos e produtos de limpeza agressivos.
Nos casos mais persistentes, o médico pode indicar pomadas com corticoide, cremes não esteroides, antialérgicos para aliviar a coceira ou até banhos com solução de água sanitária, se houver infecção associada. Em situações graves, tratamentos como fototerapia ou medicamentos sistêmicos podem ser necessários.
Com os cuidados certos, a família pode voltar a curtir o melhor da convivência com os pets: brincadeiras, lambidas carinhosas e aquele cafuné atrás da orelha do cachorro, sem as preocupações causadas pelas coceiras do eczema.