
A sigla HMOs vem do inglês Human Milk Oligosaccharides. Esses componentes são um conjunto de mais de 200 carboidratos complexos que estão no leite materno e têm diversos benefícios na saúde da criança. De acordo com a Dra. Karina Merini Tonon, nutricionista, doutora em Nutrição pela EPM/UNIFESP e mestre em Ciência dos Alimentos pela UFSC, esses elementos não fornecem energia, por isso são chamados de bioativos.
“Eles são produzidos nas glândulas mamárias durante a lactação. Representam o terceiro componente mais abundante do leite materno, após a lactose e os lipídios, e a sua concentração no leite materno maduro é de 5 a 15 g/L, variando de acordo com algumas características genéticas e clínicas da mulher e do bebê”, explica. Ela comentou uma curiosidade com a gente: as outras espécies, como por exemplo a vaca ou a cabra, tem um leite pobre em HMOs o que nos coloca no topo dos benefícios. “Os HMOs também não são encontrados em outras fontes alimentares, como frutas e vegetais. Dessa forma, o leite materno humano é a única fonte natural desses componentes”, reforça.
Benefícios
Depois que o bebê toma o leite materno a maior parte dos HMOs chega ao cólon na sua forma intacta. “No cólon, eles exercem efeito prebiótico, ao serem utilizados unicamente por determinadas bactérias benéficas da microbiota intestinal”, comenta Karina. Os HMOs funcionam como uma grande polícia de segurança do intestino da criança impedindo que bactérias, vírus, fungos ou protozoários se instalem.
“Eles também favorecem o amadurecimento do trato gastrointestinal e a função de barreira. Além desses efeitos sobre a imunidade da criança, os HMOs também promovem o desenvolvimento da imunidade adaptativa, ao modularem a produção de citocinas, estimulando uma prevenção de alergias”, completa a especialista. Só notícia boa!
De acordo com Karina, os bebês que não são alimentados com o leite materno ainda apresentam uma pior saúde geral do aqueles que são amamentados. “Entre essas diferenças está sobretudo uma maior prevalência de infecções gastrointestinais e respiratórias, além do maior risco de doenças crônicas, como obesidade e diabetes”, exemplifica.
Mas se você faz parte do grupo de mães que não conseguiu amamentar, a especialista tem uma boa notícia. Karina contou sobre um estudo clínico que mostrou que o uso de uma fórmula infantil contendo 2 HMOs (2’FL e LNnT) idênticos aos do leite materno foi associado a um menor risco de bronquite e de infecções do trato respiratório inferior e ao menor uso de antibióticos ao longo do primeiro ano de vida, além do menor uso de antipiréticos durante os 4 primeiros meses de vida. Então, há solução, embora os médicos afirmem que ainda precisam de mais estudos para essa total comprovação.
É muito importante você ter conhecimento sobre os benefícios deste componente, porque o leite materno é a única fonte natural e completa de HMOs. “Saber que isso existe e de seus benefícios, assim como dos demais benefícios do aleitamento materno, impacta na sua tomada de decisão sobre o tipo de alimentação de seu filho”, aconselha Karina.