Publicado em 03/02/2021, às 12h36 por Beto Bigatti
Você sabe bem que para todas as coisas fundamentais precisamos estudar e fazer prova de habilitação. Hoje em dia, até para usar uma geladeira precisamos ler o manual. Tudo sofisticado demais. Para ser pai? Precisa de pouco. Bem pouco. E do nada, ploft! Toma que o filho é seu. Eu entendo, e seria crueldade sua não entender esse rapaz pálido, assustado, meio desorientado na livraria buscando algo que dê um norte, uma luz, uma certeza de que não vai afogar seu bebê na banheira por engano.
Não me chamam de “Mala” à toa. Preciso dizer que o fundamental da paternidade (e da maternidade) não está nestes manuais que tanto procuram. Calma! Vou ajudar você. Respira. Vai dar tudo certo. Sabe por quê? Pelo simples fato de que tudo o que você precisa para não comprometer o futuro brilhante do seu rebento está bem mais acessível do que imagina. E está fora dos manuais.
Minha teoria, amplamente comprovada com o método científico do meu coração em 15 anos do exercício da paternidade, diz que o que vai garantir a sobrevivência e o bem estar do seu filhote (e a sua) é a conexão entre vocês.
Ela já existe desde antes do nascimento e eu espero vivamente que você já esteja trabalhando nela: contando histórias para a barriga, indo a todas as consultas do pré-natal ou em todas as entrevistas com a Assistente Social responsável pela adoção. Não importa, o que vale é a presença e a entrega. Para quando ele chegar no seu lar, ser mais do que um estranho chorão.
Façamos um combinado (o primeiro de muitos que virão): informe-se com o(a) pediatra sobre os cuidados iniciais, o básico para poder sair da Maternidade. É importante e eu não seria maluco em dizer o contrário. Mas depois disso, aí sim, tudo fora dos manuais.
Não duvide de mim. Pode não parecer simples porque sabemos que o ser humano é bicho brabo que adora complicar tudo. E é difícil mesmo, desafiador. Diariamente uma nova treta vai rolar. Mesmo que você não me obedeça e leia todos os manuais, ainda assim não terá todas as respostas se não valorizar e investir na conexão. Na entrega. Na presença.
É a conexão que vai permitir a intimidade serena de um colo no momento desesperador em que o bebê não para de chorar há horas. É o encontro do teu olhar com o dele que vai impedir você de desistir. E vai fazer com que amanhã tenha coragem para viver tudo aquilo de novo. Exausto, mas feliz.
Então nossa função, a partir de agora, nesta coluna “Fora dos Manuais” é a de descomplicar. Sem romantizar, mas com os olhos e, principalmente, o coração abertos para o maior papel das nossas vidas, o de pai. Eu acredito no papel transformador da paternidade. Sobre isso falaremos aqui. Seja bem-vindo!
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