
Este é o terceiro texto de uma minissérie de 3 textos meus aqui na coluna da Pais & Filhos. Separei três temas quentes que, possivelmente, estão rondando a sua rotina por aí. Já falei sobre o uso de telas e birra e, hoje, o assunto é depressão infantil.
É mesmo pesado e difícil pensar que “depressão infantil” possa estar rondando sua família, né? Mas preciso te alertar que ela está cada vez mais perto para que, urgentemente, tratemos de afastá-la antes que vire uma epidemia!
Você já deve ter percebido como cada vez mais adolescentes têm sofrido com essa doença, né? E nem preciso falar que este índice também está em constante elevação quando falamos de adultos. Mais triste ainda, porém, é ver que nem a infância tem saído a salva.
O século XXI nos trouxe muita coisa nova. Mas a novidade nem sempre é bem vida e, de fato, ainda estamos suando para aprendermos a lidar com todas elas. No meio deste furacão estão nós e as crianças – e uma educação que precisa se atualizar para que a depressão não acabe conosco.
Deixa eu te explicar melhor.
Um dos principais fatores desencadeadores de depressão é a não aceitação social (ou o fato de não se sentir adequado socialmente) e a auto-estima. O século XXI tem nos provocado a olhar para as crianças como indivíduos, como pessoas mesmo, e não como seres bobinhos e ingênuos que devem nos obedecer cegamente.
Nosso lugar como autoridade precisa ser revisto e atualizado. Aliás, temos nos confundido bastante sobre este nosso papel. Assumimos posturas extremistas, ora super autoritários e ora super permissivos e, daí, criamos crianças sem autonomia, sem saber lidar com suas próprias vontades. O resultado disso, muitas vezes, são crianças que não se percebem aceitas (como são) pelos seus próprios pais e, portanto, não se sentem amadas.
Ou seja, não constroem auto-estima, nem autoconfiança e sequer são preparadas mental e emocionalmente para lidar com as frustrações naturais de uma vida social. Isso quer dizer que são crianças à beira da depressão, quando não estão já deprimidas. E não existe agir criativo, nem criatividade, num ambiente hostil ou numa pessoa deprimida.

Os dois temas anteriormente tratados, uso de telas e birras, podem ser sintomas de depressão infantil. Se o uso de telas está abusivo, a criança se desconecta dos vínculos sociais que validam sua presença nesse mundo e que constroem espaços e memórias afetivas. Se as birras estão excedendo qualquer limite e virando rotina, pode ser sinal de que a criança se percebe deslocada e não aceita onde vive ou mora.
Crianças de menos de 7 anos que reclamam constantemente de dores de cabeça ou abdominais e, associados a isso, estão mais caladas, mudaram drasticamente sua maneira de ser, de fazer ou de se interessar pelas coisas, também podem configurar sintomas de depressão infantil.
Na presença destes sinais, a família deve buscar apoio profissional direto, especialmente com psicólogo, e estar disposta a mudar suas atitudes e suas rotinas em prol de uma condução mais saudável do caso e do restabelecimento de equilíbrio emocional da criança.
Saber colocar limites de forma adequada, sabendo que até os limites têm limites, é fator crucial na educação de uma criança emocionalmente saudável. É cansativo, é exaustivo educar uma criança e, mais ainda, seguindo o caminho de seu equilíbrio. Mas é algo necessariamente fundamental.
Te desejo leveza e criatividade nessa jornada! E conte comigo por aqui ou pelo insta @biancasollero.
Um abraço e até a próxima terça!
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