Coluna

De Mãe para Mãe: não precisamos ficar casadas com nenhuma decisão

A maternidade traz uma mudança e está tudo bem você também mudar seus planos

Publicado em 28/05/2024, às 14h34 por Redação Pais&Filhos


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**Texto por Bárbara Siega Franzner, mãe do José, da Bel e do Léo, e idealizadora da Welpie, uma marca cheia de amor e propósito. Como mãe, ela sentia falta de uma marca nacional que unisse qualidade e praticidade, e viu uma oportunidade de empreender enquanto gestava, amamentava, e curtia os filhos. Bárbara ama se comunicar, divide o dia a dia no Instagram, e tem uma relação bastante próxima com suas clientes e seguidoras (@welpiebaby).

Recalcular rota faz parte - (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Era final das férias de verão, estávamos na praia, meu marido, sogro, sogra, cunhadas e cunhados, todos sentados em torno de uma mesa oval enquanto meu sogro contava os resultados do último ano. Quanto teve de lucro em seus negócios e quais seriam seus próximos investimentos. Em seguida, ele foi dando a palavra para cada um contar sobre seus trabalhos, quanto faturaram, quais cursos fizeram, e os planos para o futuro. A minha vez de falar nunca chegou, estávamos em oito pessoas, todas contaram sobre suas carreiras e fizeram um resumo sobre o ano que passou, exceto eu.

Nunca vou esquecer o nó na garganta ao engolir o choro em seco quando a conversa acabou e todos se levantaram da mesa, e sobre o meu ano nenhuma única palavra havia sido dita. Como se tudo que eu havia feito nos últimos 365 dias do ano fosse invisível. Sem valor. Como se todas as horas de dedicação e cuidado com a nossa casa, nossa família e meu bebê não significassem nada. Como se as incontáveis vezes que eu repetia pausadamente sílabas e sons, as músicas que eu cantava incansavelmente, os dias muitas vezes intermináveis e exaustivos no chão da sala não valessem de nada. Eu não estava trabalhando fora, eu não havia faturado nenhum mísero real, mas se dedicar a casa e aos cuidados de uma criança também é trabalhoso pra caramba.

Naquele dia eu chorei trancada no banheiro sem parar por mais de uma hora. Eu não conseguia conter as lágrimas, era um choro que vinha da alma. Eu estava me dedicando exclusivamente ao meu bebê há 18 meses. Eu respirava introdução alimentar, disciplina positiva e tudo que envolvia a criação de um mini ser humaninho. Eu estudava sobre o sono, pesquisava sobre homeopatia, criava atividades lúdicas, e estava sempre proporcionando para ele momentos ao ar livre e de contato com a natureza.

Meu marido viaja muito, e eu não tinha com quem dividir a rotina cansativa de um filho pequeno. Era eu e meu bebê, meu bebê e eu 24h por dia juntos. Sem respiros. Eu vivia em câmera lenta e apreciando as pequenas evoluções dia após dia. Eu sabia que aquilo que eu estava fazendo importava, e muito.

Depois de ser mãe, você ainda é mulher - (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Eu tinha consciência que grande parte da vasta variedade de frutas e legumes que meu filho comia era em virtude da mãe presente que eu era, de todas as janelas de oportunidades que eu aproveitava, das receitinhas que eu fazia e da dedicação que eu tinha para que ele conhecesse os mais diversos sabores e texturas diariamente. Eu conhecia cada preferência, eu não perdia nenhuma descoberta, nenhum passinho foi dado sem que eu não estivesse ao seu lado. Eu não tinha dúvidas que eu estava fazendo um bom trabalho. Eu sabia do quão preciosa e única era a fase que eu estava vivendo com ele.

Meu marido notou minha falta, e me encontrou chorando no banheiro do nosso quarto. Com os olhos arregalados e sem entender nada, ele me abraçou bem forte. Eu contei que estava me sentindo muito mal, que eu me senti invisível e desvalorizada na conversa, mas que eu sabia que não foi por mal, o assunto era trabalho remunerado e bens financeiros e de fato eu não tinha nada a contribuir naquela conversa. Mas doeu perceber que aos olhos dos outros meus dias cansativos poderiam parecer invisíveis. Doeu ainda mais quando eu me dei conta que estava doendo tanto e eu havia ficado tão chateada porque eu já não estava mais tão bem resolvida assim com a minha escolha. Lição pra vida: o que o outro fala ou faz só nos afeta quando não estamos certos e em paz com as nossas escolhas e decisões.

Eu não tinha apenas o apoio do meu marido, eu tinha a admiração dele por estar me dedicando exclusivamente ao nosso filho. Havia sido uma decisão que tomamos juntos que eu iria parar de trabalhar para ficar cuidando do José. Eu sou extremamente grata por ter tido a oportunidade de viver essa fase única e linda. Mas percebi ali naquela crise existencial que eu só me senti tão incomodada por não ter sido mencionada na conversa porque eu estava sentindo falta de trabalhar, um trabalho que não fosse invisível até para mim muitas vezes. Eu também queria ter algo a dizer naquela conversa.

Se reencontrar depois da maternidade é um processo - (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Nesse dia eu percebi que era hora de eu me reinventar. Eu tinha vivido um mergulho profundo na maternidade, me permiti viver intensamente e fui muito feliz nessa escolha. Mas, a gente não precisa ficar casado com nenhuma decisão, eu queria voltar a trabalhar, voltar a fazer algo por mim. Havia chegado a hora de dar espaço para uma nova fase começar.

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Palavras-chave
Maternidade coluna opinião