Publicado em 04/08/2015, às 15h10 - Atualizado às 15h11 por Ligia Pacheco
Nossos filhos são criativos, observadores, curiosos, maravilhosos aprendizes. Têm tudo o que precisam para um bom desenvolvimento. Mas, sem perceber, vamos “matando” estas características. Subestimamo-os e os reprimimos, e passamos a focar o estudo para a prova, para o acerto, para o bom boletim e bem pouco para a vida. Com isso, tendemos a lhes dar tudo pronto, fazendo-os reproduzirem a lição, afastando-os assim do erro, das notas vermelhas e da recuperação, mas aproximando-os da ojeriza aos estudos. Afinal, não são as dúvidas, as tentativas, as reflexões, os erros que nos fazem encantar e evoluir? Quantas vezes Thomas Edson tentou e errou até chegar à lâmpada?
Outro ponto diz do desenvolvimento. Ele é processual e precisa de aprendizagens. Assim, o que o seu filho aprende hoje, seja conteúdo escolar, de vida, habilidade ou competência, servirá como base para aprendizagens mais complexas, que servirão de base para outras e assim por diante. Mas atenção! Não se aprende no lugar do outro. Podemos sim possibilitar experiências ricas de aprendizagens, mas cabe ao seu filho saber aproveitar-se delas. Isto também se ensina.
E um alerta: uma das grandes reclamações do mercado de trabalho é a infantilização dos colaboradores. Acredite, faltou a base da infância. Então, aproveite. Não subestime o seu filho, nem deixe para amanhã o que você pode, hoje, possibilitar-lhe de desenvolvimentos.
Vamos às dicas:
Mochila, agenda e tarefas escolares:
São excelentes oportunidades ao desenvolvimento da autonomia e responsabilidade, tão importantes para se dar bem na vida e na escola. Para que o seu filho arrume a mochila sozinho, e pode-se começar o processo a partir dos dois anos, ele precisa aprender como se faz. Comece arrumando junto com ele e na volta da escola verifiquem o que voltou. Ensine-o a cuidar de seus pertences e a ser responsável por eles. Quando sentir que a criança está pronta, peça-a para arrumar sozinha e você supervisiona na ida e na volta da escola, fazendo os ajustes necessários. E então, deixe a criança assumir esta tarefa. O mesmo vale para a agenda. Ensine-o a função e o uso da agenda.
Vejam juntos o que precisa levar à aula, fazer, estudar e vá saindo de cena aos poucos, como fez com a mochila. Lembre-se: neste processo você é apenas coadjuvante. Oriente, mas deixe o seu filho expressar-se, tomar decisões, planejar. Assim, também com a tarefa. Os pais e os filhos precisam entender que a tarefa é do aluno. Quando os pais fazem as tarefas dos filhos tanto confundem o professor, quanto tiram do filho a oportunidade de pensar, de se desafiar, de construir conhecimentos, de viver a autonomia e a responsabilidade. Assim, comece junto, depois supervisione e faça os ajustes até delegar por completo, mas sem deixar de estar atento. E esqueça as chantagens e prêmios.
Sono, alimentação e movimento:
O sono é muito importante para a consolidação das aprendizagens que o seu filho teve no decorrer do dia. Também já está comprovado que a ingestão da glicose antes do estudo aumenta o aprendizado. Mas, alimentação muito gordurosa, como salgadinho e hambúrguer, diminuem o ritmo da aprendizagem. Assim, atenção à composição dos alimentos. E atenção ao movimento. A atividade física comprovadamente beneficia a fisiologia da aprendizagem. Além, é claro, de ser fundamental à saúde integral.
Condições, oportunidades e rotina:
A criança precisa de um espaço adequado, tranquilo e agradável para estudar, bem como ter uma rotina de estudo. Ensine-a a estudar sempre, para além do dia que antecede a prova. Mas a criança também precisa de experiências que dêem sentido ao que estuda. É preciso ensiná-la a identificar e a usar o que aprende no seu cotidiano. Por exemplo: a rebelião estudada pode ser comparada à briga dos garotos do condomínio, buscando pontos em comum. A tabuada pode ser usada ao contar os azulejos do banheiro ou as janelas dos prédios.
Pode-se ainda brincar de fazer conjuntos com as facas, garfos e colheres, identificando o que não faz parte desse grupo. A aula de ciência pode ser encontrada na cozinha. A de geografia pelas ruas. Enfim, use a criatividade, diversifique experiências ao seu filho, mas deixe-o fazer e crescer. Sei que vale muito este investimento inicial. Base para que em pouco tempo o seu filho possa andar com as próprias pernas. Dicas testadas e aprovadas.
Vamos lá? Faça diferente e verá uma grande diferença não só na volta às aulas!
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