Publicado em 15/07/2020, às 08h53 - Atualizado em 16/07/2020, às 11h32 por Mel Albuquerque
A caminho da escola hoje, vestido de pirata para a festa de final de ano, Thomas olhou para o irmãozinho e disse: “O Leo tá ficando branco, né, mamãe?”. “Como assim branco?”, respondi pensando que ele se referia ao leite que estava derramando pelo rosto do bebê, já que na correria, o jeito foi dar o leite da manhã no carrinho enquanto corríamos para chegar na escola. Tadinho.
Resolvi testar para ver a quantas anda a cabeça dele desde que começamos esse tipo de conversa, ainda no Brasil. “E você não é branco?”. “Não!”. Assim, curto. E fez aquela expressão que os adolescentes fazem quando querem chamar a mãe de burra. Definitivamente ainda não estou preparada para isso. “Eu sou creminho… de vanila… com morango”, completou lentamente. “Entendi. É verdade. E eu, qual é a minha cor?”. Ele nem me olhou. “Meio chocolate claro”. Ai, gente. Amei. Adoro esses diálogos. A pureza das crianças é mesmo transparente. Sempre amei esse papo de cor de pele. Aqui em casa sempre foi muito objetiva essa conversa. Sobre cores. E ponto. Por enquanto.
A diversidade é incrível e muito poderosa nas escolas aqui na Inglaterra. Especialmente se compararmos à diversidade a que estávamos acostumados na nossa bolha no Brasil. Isso, aliado ao fato de estarmos em uma escola pública, aumenta ainda mais a convivência das crianças com as diferenças. O respeito a quem é diferente deles, seja qual diferença for, é algo tão natural que comove. Fico feliz de ver que os meus filhos são crianças sem preconceitos. São crianças brincando com crianças.
O que me ajuda a entender profundamente o que se passa na cabeça e no coração deles são as andanças. Um hábito maravilhoso que incorporamos aqui em Londres foi o de caminhar até a escola. É saudável, delicioso – a não ser quando estamos correndo atrasados contra a chuva, vento, frio – e que abre brechas mágicas para conversas profundas com os meus filhos. Falar e caminhar sem estar olhando nos olhos, às vezes gera mais espaço, menos questionamentos e mais leveza.
O papo hoje foi sobre cor de pele. Uma conversa fácil, ilustrativa, entre pausas para observar as bumblebees, abelhas enormes, que estão sempre na mesma esquina à nossa espera enquanto sobrevoam as lavandas do vizinho da rua de trás, seguidas pelos arbustos coloridos e de tamanhos diferentes mais à frente. “Olha, mãe, os grandes são você e o papai e os outros três pequenos somos eu, Duda e Leo”, concluiu ele. “Você sabia que a maior baleia é maior que o maior dinossauro “that ever lived”?
E assim a gente faz todo dia. Observa as mudança da folhagem, das flores, cores e mini seres que passam pelo nosso caminho enquanto conversamos sobre tudo. Sobre nada demais. Trocamos de assuntos inúmeras vezes como se fosse uma só conversa. Sabe, mesmo que eu não esteja no clima para papo, eles geram o começo do diálogo sozinhos e acabo me rendendo à pureza à prova de mau humor e pego o bonde andando. Acabo me divertindo. Me emociono.
Essa é a última semana de aula do ano escolar aqui na Inglaterra. Um ano pela metade. Literalmente. O ano acabou após seis meses de aulas e em setembro eles já começam o novo ciclo, um novo ano escolar. A rotina, que já era tão pouca durante a quarentena, vai acabar mais uma vez. Os nossos papos precisarão de um novo caminho que, eu sei, vamos encontrar. Com amor e leveza sempre descobrimos um jeito de enfrentar as dificuldades e de esvaziar espaços de tempo para conversas profundas e incluir as diferenças na nossa rotina.
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