O conceito de Lixo é muito novo considerando os milhares de anos de vida do planeta Terra. A natureza desconhece este conceito. Envolvida por um imenso ciclo de vida-morte vida, nela tudo é circular. Não existe descartável. Nos últimos 50 anos o ser humano criou e impôs um novo ritmo para os seus outros milhares de irmãos terráqueos. Como se não houvesse amanhã, como se os recursos naturais fossem infinitos, exploramos e descartamos com imensa facilidade. Inventamos os descartáveis.
Parece mentira, mas a verdade é que fomos ensinados (sinceramente não sei por quem!?) que o “lixo” colocado do lado de fora da nossa casa, ali mesmo na calçada, deixa de ser nossa responsabilidade. Alguém vai fazer desaparecer. Simples assim. Será? Bem, não é nada simples. Infelizmente este assunto parece não chamar a atenção da maioria das pessoas e, ao mesmo tempo envolve tantas dúvidas e desinformação! Por isso, estou aqui para tentar clarear… Nem que seja um pouquinho.
Tenho 42 anos e, com um pouco de esforço, consigo lembrar das lixeiras que tínhamos em casa durante a infância. Eram relativamente pequenas. Basicamente havia o “lixinho” da cozinha, as lixeiras dos banheiros, talvez uma no escritório para papéis e, outra um pouco maior na escada do andar do apartamento, onde tudo era colocado para ser recolhido. Na adolescência essa configuração começou a deixar de funcionar. As caixinhas dos produtos industrializados ganharam tanto espaço na despensa que começou a faltar espaço nas lixeiras. Elas ficaram cada vez maiores e insuficientes para o tanto de “lixo” gerado.
Problemão a vista! E olha que eu nem vou entrar na composição deste tanto de industrializados que passamos a consumir (quem sabe, assunto pra um outro texto!). Se você está um pouco mais conectado “com a parada”, olhar para o próprio “lixo” pode se tornar uma grande oportunidade de reflexão e, quem sabe de mudança de hábitos. Assim chegamos na pergunta inicial: de tudo o que geramos, o que realmente é lixo? Aprendi que lixo, lixo mesmo, é o rejeito, ou seja, é aquilo que não tem mais jeito. Ninguém pode usar, aproveitar para mais nada.
Resíduo é o que não tem mais utilidade para você, mas pode voltar a ser matéria-prima de um novo produto ou processo para outra pessoa. Neste caso eles são encaminhados para a famosa Reciclagem. Aí está um primeira consequência da diferença entre Lixo e Resíduo! O primeiro é descartado, o segundo a gente encaminha. O lixo vai para o aterro sanitário ou lixão (é de cortar o coração, mas eles ainda existem). Os resíduos deveriam ser todos reciclados.
A Reciclagem, por sua vez, pode ser um pouco complicada. Existem muitos tipos de resíduos, tornando o processo complexo. Nem todos os resíduos recicláveis são de fato reciclados. Isso vai depender das máquinas, das cooperativas e dos catadores da sua cidade ou região. Por exemplo, o isopor. É reciclável, portanto, um resíduo. Em “tese” ele poderia continuar circulando, mas poucas empresas fazem isso no Brasil. Nem todas as cidades enviam o isopor gerado em seu território para essas empresas. Afinal, vivemos num país de proporções continentais! A reciclagem envolve investimentos, como gasto de energia, água, deslocamento, muito trabalho braçal!
E agora? Como fazer acontecer? Bom, você precisa se informar como funciona este processo aí no seu município. Em alguns casos raros a prefeitura dispõe essas informações em um site. Se esta não for a realidade da sua cidade, você tem o direito e o dever de cobrar. De um lado, reciclamos muito pouco. Do outro, nunca geramos tanto! Então concluo com duas dicas: 1) Repense seus hábitos de consumo. Se possível evite ao máximo tudo o que foi feito para ser usado apenas uma vez. Esta responsabilidade é sua. 2) Se a reciclagem não é realidade na sua cidade ou bairro, pode procurar um catador através do Cataki, um aplicativo bem bacana que existe para tentar diminuir um problemão que a gente criou e, que somente juntos, podemos resolver.