Minha avó materna já está com mais de 80 anos. O nome dela é Maria, mas todos a conhecem por Mimosa. Sim, ela é um mimo. Bom, a Vó Mimosa nasceu no Rio Grande do Sul e, apesar de ter vivido mais tempo em Santa Catarina do que na sua terra natal, as raízes gaúchas permanecem muito fortes. As expressões e o sotaque não mudaram desde que veio de lá para cá – por volta de 60 anos. Cinco minutos de conversa deixam claro sua origem.
Ainda me lembro da primeira vez que a expressão caserear me chamou a atenção. Devo ter escutado muitas vezes, mas ficou no ar… Não ouvi. Certo dia liguei para conversar com a Dona Mimosa e saber como estavam as coisas. O telefone chamou e, com sua voz inconfundível atendeu. “Alô!”.
“Oi Vó, tudo bem por aí?”, perguntei. “Tudo. Graças a Deus tuuudo bem!”, ela respondeu. “O que a senhora fez hoje?”, continuei a conversa. “Ah, hoje eu fiquei casereando…”, disse D. Mimosa. Eu amei! CASEREANDO! Que incrível. Se buscarmos no dicionário, não existe tal palavra na língua portuguesa. Mas no dia a dia da minha avó existe sim. Caserear significa ficar em casa, curtir e cuidar do lar.
Somente em 2023 percebi a preciosidade desta expressão. Em especial para o meu trabalho a frente da Casa Sem Lixo. Um projeto que tem suas origens no caserear do meu lar. Tudo se “desenrolou” a partir da nossa família, em busca de uma vida mais coerente com o mundo que construímos no dia a dia.
O fato é que temos todos uma Casa Comum e juntos precisamos cultivar o hábito de casereá-la muito bem. Sendo assim, no primeiro texto de 2023, um ano que já inicia com tantos desafios, te convido a caserear mais e melhor! Não tenho dúvidas de que a minha casa + a sua casa, juntas podem mudar o rumo do planeta. Um lindo Ano de muito caserear.
