Você pode não saber como responder na primeira vez que seu filho soltar um ‘eu te odeio!’ ou ‘me deixa em paz!’, já que você provavelmente não esperava esse tipo de atitude até que ele chegasse, no mínimo, à adolescência. Então, por que essa criança-longe-de-ser-adolescente está falando frases do dicionário dos adolescentes? Crianças podem ter dificuldade em encontrar as palavras certas para descrever como se sentem, então podem deixar escapar a primeira coisa que vem à mente, usar termos incorretos ou repetir frases que ouviram em outro lugar, explica Cathy Mavrolas, Ph.D., psicóloga pediátrica do Hospital Infantil La Rabida, em Chicago. Infelizmente, isso significa – além de um senso de independência e a necessidade de se afirmar e testar os limites – que ele pode usar uma linguagem perturbadora ou ofensiva. Essa seleção de dicas pode te ajudar a lidar com algumas frases comuns.
“Eu te odeio!”
O que significa: não, seu filho não te odeia de verdade. “O que ele está tentando dizer é: ‘Estou chateado’; ‘Estou com raiva‘ ou ‘estou passando por alguma situação’”, explica Dra. Mavrolas. Essa ‘alguma situação’ pode ou não ter nada a ver com você, mas ele dirige seus sentimentos a você porque você é um alvo seguro.
O que fazer: em vez de reagir emocionalmente (e revidando), ajude-o a encontrar palavras diferentes para expressar o que está pensando, para que ele não use ‘eu te odeio’ como padrão, sugere Kurt Klinepeter, médico e professor associado de pediatria do desenvolvimento e comportamental em Wake Forest Baptist Medical Center, em Winston-Salem, Carolina do Norte. Depois de permitir que ele se acalme, explique que ‘ódio’ é uma palavra que fere os sentimentos das pessoas.
“Isso não é justo”
O que significa: seu filho se sente enganado de alguma forma. Como as crianças dessa idade querem que tudo seja igual, elas tendem a pensar em termos como ‘justo’ e ‘injusto’, diz o Dr. Mavrolas. Portanto, se você não der ao seu filho a quantidade de biscoitos que ele acha que merece, ou se um amigo tiver permissão para jogar um jogo que é proibido para ele, ele pensará que está sendo maltratado.
O que fazer: resista à tentação de dizer: ‘a vida não é justa’. O Dr. Mavrolas sugere que você reconheça o que seu filho disse, mas continue firme. Por exemplo, você poderia dizer: “Eu entendo que você acha que não é justo, mas você não pode comer mais biscoitos porque não queremos estragar seu apetite antes do jantar”. Ou: “Pode não parecer justo que João jogue esse jogo, mas temos regras diferentes na nossa família”.
“Ninguém gosta de mim”
O que significa: ele provavelmente foi excluído de uma atividade ou está tendo problemas com um de seus amigos. Adaptar-se é muito importante para crianças em idade escolar, então, se seu filho se sentir excluído, ele pode pensar que o mundo inteiro está contra ele, diz Nancy S. Buck, Ph.D., psicóloga do desenvolvimento e autora de ‘How to Be a Great Parent’, em português, ‘Como Ser Um Bom Pai ou Mãe’.
O que fazer: pergunte ao seu filho se aconteceu algo na escola hoje que o deixou triste. Quando ele contar, apoie-o e compreenda seus sentimentos. “Dizer a ele: ‘Deve ter sido chato quando a Maria não quis jogar com você hoje’ já é uma grande ajuda”, diz o Dr. Buck. Não há necessidade de marcar um encontro ou falar com os pais da Maria – é melhor dar ao seu filho a chance de resolver o problema por si mesmo. No entanto, se ele se esforça para fazer amigos ou diz frequentemente que ninguém gosta dele, você pode querer falar com a professora para ter uma ideia melhor da situação e também envolvê-lo em uma atividade em que ele encontrará crianças que compartilham interesses semelhantes.
“Me deixa em paz!”
O que significa: a verdade – seu filho simplesmente pode não querer que você fique rondando ele enquanto ele faz um quebra-cabeça, ou pode achar que você está interrompendo a brincadeira quando você entra para limpar o quarto. Mas isso não significa que ele não te ame.
O que fazer: não tem nada de errado com uma criança querer ter mais espaço. Você só precisa ensinar maneiras mais respeitosas de pedir por isso, sugere Dr. Mavrolas. Diga ao seu filho que não é legal falar “me deixa em paz” ou “sai daqui”, mas que é aceitável falar “preciso de um tempo sozinho” ou “posso brincar mais 10 minutos antes de fazer minhas tarefas?”. Quando seu filho pedir por tempo de privacidade educadamente, tente acatar o pedido sempre que possível.
“Eu me odeio”
O que significa: esse tipo de comentário geralmente não é sinal de baixa autoestima, simplesmente pode significar que seu filho está chateado consigo mesmo por algum motivo, afirma Dr. Buck. Ele pode se sentir frustrado porque algum colega de classe faz alguma atividade que ele ainda não domina ou porque quebrou alguma coisa acidentalmente, por exemplo.
O que fazer: não dê muita importância se isso não acontece com frequência. Em vez de ficar preso na linguagem, você pode dizer: “parece que você está realmente chateado. Aconteceu alguma coisa hoje?”. Se seu filho não te responder, dê a ele um pouco de espaço. Se ele desabafar, explique que às vezes todos nós nos sentimos um pouco frustrados com nós mesmos. Ou fale sobre como pessoas diferentes são boas em coisas diferentes – e peça para ele pensar em algo que ele é muito bom. Em seguida, ajude- a mudar de ‘eu me odeio’ para ‘estou com raiva de mim mesmo porque…’. Ensiná-lo a falar sobre suas frustrações deixará ele mais preparado para lidar com o próximo obstáculo.
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