Já falamos aqui de alguns dos principais medos das crianças, e recentemente a revista americana Parents reuniu um grupo de especialistas em desenvolvimento infantil, como pediatras, psicólogos e professores, para falar sobre situações da vida real – deixando de lado monstros, fantasmas etc. -, que aterrorizam as crianças. Nem sempre a gente pode evitá-las, mas dá pra ajudar nossos filhos a passar por esses momentos de uma forma mais tranquila.
Bullying
O tão temido bullying, mais comentado quando acontece entre adolescentes, pode afetar a vida das crianças também. Em torno dos 5 anos, por exemplo, elas começam a disputar seu espaço no ambiente social, em casa e na escola. Robert Sege, diretor da divisão de família e defesa da criança do Centro Médico de Boston, nos Estados Unidos, explica que esse é o início da interação social, o que pode causar ansiedade: “Enquanto os professores reforçam a ideia de que todos são amigos, as crianças percebem instintivamente que isso não é verdade. E aquelas que são maltratadas pelas demais comentam com os pais ou simplesmente não falam nada, apenas choram e fazem birra”.
Observe o comportamento do seu filho, converse e se ele não se abrir tente falar com funcionários da escola, como o diretor ou coordenador. Em casa, mostre pra ele algumas formas de lidar com cada tipo de situação e informe os outros pais e professores o que está acontecendo.
Pessoas que praticam bullying ficam intimidadas em ridicularizar crianças que têm mais amigos, então encoraje o círculo de amizades do seu filho. Organize encontros entre os amigos na sua casa ou matricule-o em atividades extracurriculares, para que ele possa estar com seus colegas em ambientes fora da escola. Ter amigos em outros lugares vai construir a confiança do seu filho em suas habilidades sociais e ajudá-lo a se sentir mais seguro e menos vulnerável à ação dos chamados valentões.
Abuso doméstico
Mais de 10% das crianças dos Estados Unidos sofrem de violência doméstica, física ou emocional. Mesmo as crianças que não presenciam os atos violentos dos adultos são vulneráveis. O abuso emocional ou físico que ocorre a portas fechadas pode afligir as crianças menores ou maiores. “Quase todos os pais subestimam o quanto seus filhos podem ver ou ouvir”, afirma Dr. Sege. Para o especialista, os pais devem ter consciência de que a criança entende o que está acontecendo, por isso qualquer tipo de briga ou ambiente violento pode afetá-la.
Ela pode não expressar suas angústias verbalmente, mas demonstrar sua ansiedade tendo problemas na escola, chorando mais do que o normal ou até mesmo fazendo xixi na cama.
Divórcio dos pais
Para algumas crianças, não importa a idade, a separação dos pais traz muitos medos. O que mais assusta as crianças menores de 6 anos é o desconhecido – como vai ser daqui pra frente? A situação, geralmente estressante e triste, confunde os filhos, que passam a “questionar” o próprio futuro.
Para aliviar a ansiedade da criança, tente mostrar que está tudo bem, apesar das mudanças pelas quais todos estão passando. Se possível, deixe que ela continue na mesma escola ou no mesmo bairro (caso vocês tenham que mudar de casa) e mantenha sua rotina. Estabilidade, estrutura e conforto são muito importantes nesse momento.
Desastres naturais
Enchentes, tempestades, enxurradas, tudo isso pode amedrontar seu filho. E aqueles que já passaram por alguma dessas situações ficam ainda mais ansiosos, com medo de que possa se repetir. Crianças que tem pouco suporte emocional ou que são naturalmente tímidas ou emotivas são mais suscetíveis ao trauma. Algumas têm dificuldade em entender que alguns desastres podem acontecer em certas regiões, mas não em outras.
Se o seu filho der sinais de estresse em situações desse tipo, tente manter a calma e transmitir tranquilidade.
Violência e armas
Pode parecer exagero falar isso, mas muitas crianças têm medo da violência das ruas e de armas de fogo. Nos EUA, sede da revista Parents – onde foi feito o estudo –, as crianças têm medo de violência até mesmo quando estão dentro da escola, isso porque nos últimos anos não foram poucos os tiroteios que aconteceram nos colégios.
Aqui no Brasil, felizmente, isso não é tão comum, mas não deve de forma alguma ser ignorado – em 2011, um atirador matou 12 pessoas na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro. Por isso, é importante que os pais expliquem para as crianças que esse tipo de incidente é relativamente raro. E fique de olho nas coisas que seu filho lê e assiste, ele pode estar sendo bombardeado de informações que ainda não consegue processar.