A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) se posicionou em favor da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Para isso, publicou em seu site oficial um edital de 7 páginas com os motivos do posicionamento, na última segunda-feira, 3 de janeiro.
A imunização desta faixa etária foi autorizada pela Anvisa no dia 16 de dezembro de 2021. No dia, Luiz Vicente Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, apresentou o parecer oficial sobre a aplicação da vacina: “O nosso parecer é favorável a incorporação da vacina da Pfizer para crianças na faixa etária de 5 a 11 anos”.
Gustavo Mendes, especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da GGMED, apresentou a linha do tempo do estudo da Anvisa, que foi desde a submissão do pedido até a conclusão do resultado, divulgado às 10h30 da manhã. “A vacina tem um desempenho importante na geração de anticorpos nessa população”, afirmou o especialista. Ainda de acordo com ele, a Pfizer tem um desempenho satisfatório para a variante Delta.
Diante desta realidade, a ASBAI acredita que a vacinação de crianças com estas idade trará muitos benefícios para a diminuição de infecções e casos graves de covid-19 nesta faixa etária.

“Embora a porcentagem de doença grave entre os casos pediátricos seja pequena, se o número de infecções nesta faixa etária aumentar, aumentará proporcionalmente o número de crianças que ficarão gravemente doentes. Dados de estudos em adolescentes sugerem que a vacinação com BNT162b2 (Comirnaty/Pfizer) para crianças de 5 a 11 anos de idade provavelmente evitará a maioria das hospitalizações e mortes. Embora os estudos pediátricos não tenham avaliado se as vacinas reduzirão a transmissão de SARS-CoV-2, dados de estudos em adultos vacinados sugerem que as crianças vacinadas têm probabilidade de transmitir quantidades menores do vírus por menos tempo”.
Além disso, a ASBAI cita um posicionamento realizado pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) em agosto de 2020 – que aponta questões relevantes para o enfrentamento da covid-19 e, consequentemente, a saúde de crianças e adolescentes no Brasil.
Nele, são evidenciados sintomas que podem agravar o quadro de infectados de 5 a 11 anos de idade. Por exemplo, até aquele momento, crianças de diversos países da Europa e da América do Norte mostraram “uma nova apresentação clínica associada à covid-19, caracterizada por um quadro inflamatório tardio e grave”.
Este quadro se caracteriza, em termos práticos, por febre insistente; dor abdominal, náuseas e até vômitos; conjuntivites; inflamações na pele e problemas cardiovasculares. Por causa disso, para a ASBAI, a vacinação desta faixa etária é essencial.

A ASBAI mostrou, em seu edital, que crianças de 5 a 11 anos vacinadas em período de teste não mostraram efeitos graves. Isso porque, dentre os 1580 imunizados e os 750 que receberam placebo, não foi observado nenhum evento grave atribuído a vacina. Além disso, foi notada uma incidência de 1,58 casos graves em 100 mil crianças vacinadas nos Estados Unidos.
“Diante de todos os dados apresentados, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) se manifesta totalmente favorável à imunização contra a covid-19 em indivíduos entre 5 e 11 anos, para a proteção não somente deste grupo, mas também de seus conviventes. A vacinação de crianças, demonstrada sua eficácia e segurança é fundamental para o controle da circulação do vírus e proteção de indivíduos cuja resposta vacinal pode não ocorrer de modo eficiente, como os imunocomprometidos.
Portanto, a ASBAI considera que uma consulta pública não cabe, uma vez que a indicação de imunização de pessoas entre 5 e 11 anos não deve ser uma questão de opinião, mas sim uma estratégia de saúde pública fundamental para o controle da pandemia que nos assola desde março de 2020 com todas as suas graves consequências econômicas, sociais, emocionais e efeitos na saúde individual e coletiva”.