A infância é, sem dúvida, o palco mais fértil da imaginação. E, dentro desse universo lúdico, o Coelho da Páscoa aparece como um dos personagens mais queridos e esperados pelas crianças. Criar essa atmosfera mágica, com pegadas de coelho pela casa, cestinhas coloridas e ovos escondidos, é um jeito simples e afetuoso de tornar a data ainda mais especial.
Mas muitos pais e mães se perguntam: até quando devemos incentivar essa fantasia? Existe uma idade limite para que os pequenos acreditem no Coelhinho da Páscoa?
Durante os primeiros anos de vida, especialmente até os 6 anos, as crianças vivem intensamente no mundo do faz de conta. É nessa fase que personagens mágicos fazem parte do cotidiano — seja na hora da história, nos desenhos ou nas brincadeiras. Estimular esse tipo de imaginação é essencial para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança.
Ao mergulhar em mundos fictícios, o cérebro infantil aprende a criar metáforas, resolver problemas e explorar emoções de forma segura. Além disso, esse tipo de fantasia contribui para a construção do pensamento simbólico, algo que terá grande importância mais tarde, inclusive no desempenho escolar.
Mais do que apenas acreditar em um coelhinho que entrega ovos de chocolate, essa fantasia proporciona à criança a chance de desenvolver afeto, criar lembranças felizes e formar uma espécie de “memória emocional de conforto”. A Páscoa, nesse contexto, vai além dos doces e torna-se um momento afetivo, marcado por brincadeiras, rituais e histórias que fortalecem os laços familiares.
No entanto, a partir dos 7 ou 8 anos, é comum que a criança comece a questionar essa fantasia. Nessa idade, o pensamento lógico e racional começa a se desenvolver de forma mais estruturada. Os pequenos passam a distinguir com mais clareza o que é real do que é imaginário. Com isso, é natural surgirem dúvidas sobre o Coelhinho da Páscoa, o Papai Noel e a Fada do Dente.

Quando esse momento chega, o ideal é que os pais acolham a curiosidade e a descoberta da criança com naturalidade. Não é necessário criar uma grande revelação, mas sim seguir o ritmo dela. Caso o seu filho chegue até você com questionamentos, o melhor caminho é conduzir a conversa com delicadeza, mostrando que essa era uma brincadeira que fazia parte de uma fase especial da infância.
É importante não prolongar a ilusão quando a criança já demonstrou sinais claros de que compreendeu a verdade. Isso evita constrangimentos, principalmente se os colegas da escola já tiverem deixado a fantasia de lado. E tudo bem se a criança ficar um pouco triste ou até frustrada com essa descoberta — essas emoções também fazem parte do amadurecimento.
Para famílias com mais de um filho, é comum que o mais velho descubra antes e, muitas vezes, queira compartilhar a “grande verdade” com os irmãos mais novos. Uma boa estratégia é conversar com ele sobre o quanto foi divertido acreditar no coelhinho e pedir que preserve esse momento mágico para o irmão ou irmã. Claro, se o segredo escapar, não há motivo para alarde — a infância não se resume apenas a acreditar em personagens, mas em viver momentos cheios de afeto e imaginação.
E mesmo depois que a fantasia perde a força, a magia da Páscoa pode (e deve!) continuar. A tradicional caça aos ovos, a decoração com coelhinhos, os cartões feitos à mão e até histórias temáticas podem manter a data viva no coração das crianças mais crescidas. Além disso, é uma excelente oportunidade para conversar sobre temas importantes, como consumo consciente, partilha, empatia e até espiritualidade, dependendo dos valores de cada família.