Muitos pais desejam oferecer o melhor para seus filhos, e a alimentação costuma estar no centro dessa preocupação e cuidado. Entretanto, quando as regras se tornam rígidas demais, a refeição deixa de ser um momento de prazer e passa a ser uma fonte de cobrança.
Quando cuidar da alimentação vira pressão?
Essa alimentação forçada pode criar pressão e gerar sentimentos de ansiedade e afastar seu filho da experiência natural de se alimentar. A cada garfada, a criança pode sentir que está sendo testada, em vez de acolhida. Isso faz com que a mesa, que deve aproximar a família, se torne um espaço de tensão.
Um estudo publicado na BMC Psychiatry revelou que o perfeccionismo dos pais está associado a maiores índices de distúrbio alimentar em crianças de 6 a 11 anos.
O artigo foi elaborado a partir de uma pesquisa com mais de 500 pais e mães, recrutados para responder a questionários que avaliaram comportamentos alimentares desordenados em crianças, perfeccionismo parental e sofrimento psicológico.
Na pesquisa, os pais responderam a três tipos de questionários diferentes. O primeiro ajudava a identificar sinais de dificuldades na alimentação das crianças. O segundo avaliava até que ponto os pais se cobravam demais ou buscavam ser perfeitos em tudo. Já o terceiro media como eles estavam se sentindo em relação a estresse, ansiedade e depressão.
Regras de alimentação muito rígidas não ensinam equilíbrio
Limitar excessivamente, proibir doces ou exigir que o prato seja sempre limpo pode parecer disciplina. Porém, tais práticas podem provocar uma relação de culpa de seu filho com a comida. A criança aprende a se julgar não apenas pelo o que come, mas também pelo valor que recebe por obedecer ou não às regras.
O risco maior é que esses padrões criem associações negativas de longo prazo. Um pedaço de bolo deixa de ser apenas um doce e passa a simbolizar um “erro” ou “fraqueza”. Dessa forma, em vez de desenvolver hábitos saudáveis, a criança constrói uma relação baseada em medo, e não em equilíbrio, segundo informações da Parents.
Quais são os sinais de alerta?
É importante perceber como a criança reage em diferentes situações sociais. Quando ela evita festas ou encontros por receio do que vai comer, esse já é um sinal de preocupação. Também merece atenção quando demonstra culpa ou vergonha após consumir alimentos considerados proibidos.
Outro ponto de alerta é a ansiedade demonstrada antes das refeições do dia. Quando o simples ato de se sentar à mesa desperta tensão, isso indica que a alimentação está carregada de cobranças e o cuidado está ultrapassando o limite.
Quais são os caminhos para meu filho ter uma relação leve com a comida?
Especialistas indicam que os pais priorizem a conexão e o acolhimento no momento das refeições. Estar junto, compartilhar a comida sem críticas e permitir que todos tenham voz são formas de transformar a mesa em um espaço ainda mais positivo para seu filho. Comer deve ser, antes de tudo, uma oportunidade de vínculo.
Dar autonomia à criança também é essencial. Envolvê-la no preparo dos alimentos, permitir escolhas e mostrar flexibilidade reforça confiança e equilíbrio, além de ser ótimo para a criatividade e para o relacionamento com os pais e com a comida. Assim, seu filho aprende que todos os alimentos podem ter espaço e que a alimentação é parte de um cuidado amoroso, e não de um julgamento.







