Criança

Caso Ana Hickmann: como falar com uma criança que foi exposta à violência doméstica

Foto: Reprodução/Instagram

Publicado em 16/11/2023, às 15h44 por Marina Teodoro


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Criança nenhuma deveria ter contato com violência, seja ela sofrida ou presenciada contra outra pessoa. Ainda que haja a intenção de educar, castigos físicos jamais serão o melhor caminho. Além disso, agressões (incluindo as verbais) podem interferir diretamente no desenvolvimento do seu filho, causando traumas psicológicos duradouros.

Mesmo assim, casos de maus tratos e violência contra crianças e adolescentes crescem no Brasil, enquanto situações de violência doméstica contra mulheres muitas vezes são presenciadas pelos filhos – como aconteceu com a família de Ana Hickmann recentemente.

No dia 11 de novembro deste ano, a apresentadora foi à delegacia para dar queixa do marido, o empresário Alexandre Correa, que pressionou seu braço contra a porta e a ameaçou com cabeçadas após uma discussão. Tudo isso ocorreu na frente do filho, Alexandre Jr., de 9 anos, e por isso a agressão contra ele também fará parte da investigação do caso. 

Ana Hickmann e Alexandre Correa são casados há 25 anos e têm um filho juntos: Alexandre Jr., de 9 anos (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Por mais que uma criança não tenha sido diretamente envolvida por meio de toques físicos, presenciar esse tipo de situação é suficiente para que ela seja afetada. "Quando a criança é muito pequena ela tem dificuldade de entender a agressão, mas isso não significa que isso não gere impacto a ela. Com o passar do tempo ela pode desenvolver medo do agressor, mudanças de comportamento que prejudicam seu desenvolvimento cognitivo e no futuro, relações sociais também", explicam as psicólogas especialistas em saúde mental de crianças e adolescentes Nathalia Heringer e Ariádny Abbud.

Como a exposição à violência afeta uma criança

As psicólogas explicam que uma criança tem um cérebro imaturo – sua maturação acaba por volta dos 22 anos. Dessa forma, estar em um ambiente violento (seja presenciando discussões, brigas ou violência física, por exemplo) é perigoso para o desenvolvimento cognitivo e emocional. 

"O estresse precoce impacta o eixo HPA que torna a criança mais suscetível a estresse e ansiedade, por exemplo, além de ser um fator de risco para desenvolvimento de transtornos mentais na vida adulta", afirmam, citando depressão, síndrome do pânico, dependência química e distúrbios na aprendizagem, como alguns exemplos. "Além disso, presenciar violência frequente pode desencadear Transtorno do Estresse Pós-Traumático, e perdurar durante bons anos de vida acarretando diversas dificuldades".


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Segundo Nathalia e Ariádny, crianças maiores quando expostas a situações de violência já entendem melhor o que está acontecendo, o que pode gerar questionamentos, revoltas, pesadelos, mudanças de comportamento e como passar do tempo acabam querendo proteger quem foi agredido.

Não se deve ignorar o fato ou deixar de ouvir a criança após ela ser exposta a uma situação de violência (Foto: Freepik)

 

"Isso pode gerar um afastamento emocional com o agressor. No entanto, experimentos realizados por Albert Bandura que explica a Teoria da Aprendizagem social demonstra que a violência pode ser aprendida e reproduzida, ou seja, esse comportamento pode ser ensinado, e um outro fator de risco é adicionado nessa dinâmica. Crianças que presenciam a violência aprendem a bater para resolver problemas e acabam perpetuando o ciclo, ou aceitando ser vítima de relações abusivas no futuro", alertam.

Como falar com seu filho

Embora seja dever e direito da criança viver em um ambiente que seja seguro, quando casos assim ocorrem, é importante ouvir a criança. "Trabalhar com as crianças as emoções que existem, como por exemplo a raiva, mas [de um jeito] que não utilize jamais essas emoções para justificar uma atitude de violência. Além de pontuar a importância de falar com alguém e mostrar canais de denúncia", orienta Yasmin Martins de Lima, Gerente de Psicologia da Rede Hospital Casa. "Enfatizar também que elas não são a culpadas pelo que aconteceu eprocurar sempre ter e mostrar a importância do diálogo", são outras dicas importantes.

O que fazer depois?

Não dá para minimizar um fato ocorrido e presenciado por uma criança. Descrever a situação, assumi-la como um erro, sem diminuir a gravidade, é um caminho para não invalidar a verdade percebida pela criança, conforme explicam Nathalia e Ariádny.

"É importante que os pais deixem a criança falar do que sentiu diante da situação e que também posicionem como irão resolver a situação para que isso não mais aconteça, e jamais normalizar a violência, tentar colocar panos quentes", orientam.

Evitar que a criança seja exposta a um novo episódio de violência é o mais importante (Foto: Freepik)

 

Crianças que presenciaram ou vivem em um ambiente violento devem receber acompanhamento psicológico para que construam habilidades protetivas da saúde mental e também estratégias de enfrentamento. É muito importante que os pais também estejam em acompanhamento para que haja mudança no ambiente familiar e que a forma de se comunicar e resolver conflitos mude o quanto antes.

A rotina da criança também deve ser mantida o mais natural possível, o diálogo deve estar aberto para que ela possa perguntar ou falar sobre o que aconteceu sem que tenha medo de “tocar no assunto” e manter atividades sociais e prazerosas.

"Mas o mais importante é a busca de solução para que a criança não seja exposta a um novo episódio de violência. É importante preservar a criança, se houver conflitos onde a possibilidade de agressão se faz presente, acione a rede de apoio e deixe a criança em outro ambiente, com alguém confiável para minimizar os danos, e denuncie, até para ensinar as crianças que violência tem consequências", finalizam.

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