Não tem como negar, a escola tem mesmo um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. De maneira planejada e intencional, ela estimula os alunos a exercitarem suas próprias escolhas, estimulando e valorizando cada conquista.
E se os pais fizerem o mesmo em casa, o caminho para a independência da criança fica cada vez mais próximo. Basta saber se o seu filho está pronto para realizar determinadas atividades, ou seja, se elas são compatíveis com sua idade.
Patrícia Cintra, filha de Ana Maria e Wanderlei, pedagoga, especialista em literatura e alfabetização, e diretora pedagógica da Escola Eduque, mostra como você pode incentivar a autonomia da criança em diferentes fases:
4 a 11 meses: Nessa fase, os pequenos se desenvolvem experimentando o mundo pelos sentidos. Os desafios propostos devem contemplar explorações de sons, texturas, sabores e odores. Músicas e contação de histórias são boas pedidas. Incentivar a fala é essencial!
1 ano: Os primeiros passos podem ser estimulados por desafios de equilíbrio. Experiências de empurrar, lançar, jogar tudo no chão e observar o que acontece são formas que as crianças dessa fase mostram que já podem fazer sozinhas, além de investigarem objetos em suas ações.
2 anos: A criança começa a ampliar seu vocabulário e a estimulação deve ser mais complexa. Pais e educadores devem fazer perguntas, para ajudá-la na construção das frases curtas e na verbalização dos seus sentimentos. A escola pode possibilitar oportunidades de a criança carregar sua mochila, de tamanho e peso adequado, ajudar guardar os brinquedos ao final da brincadeira, comer o lanche, lavar as mãos e escovar os dentes.
3 anos: Já com vocabulário mais avançado e contando com grande energia física, é possível propor que as crianças nessa faixa etária contem sua história favorita. Na escola, já é possível envolvê-las na organização dos brinquedos, jogar papéis no lixo, recolher trabalhos dos colegas e entregar às professoras, tirar peças de roupa ou calçados.
4 anos: As crianças dessa idade são imaginativas e curiosas, por isso já é possível incentivá-las a arrumar a mochila para ir à escola e até mesmo para se vestir sozinhas.
5 anos: Nessa fase, a garotada já verbaliza o que consegue fazer e quer realizar atividades cada vez mais complexas. Aprender a realizar sua higiene pessoal completa é uma maneira de torná-las independentes. Participar de jogos faz com que vivenciem situações em que terão que lidar com escolhas e suas consequências.
6 anos: Nessa fase de muitas descobertas, como a leitura e a escrita, as crianças são capazes de se vestir, organizar de maneira elaborada os objetos pessoais, na escola e em casa, arrumar a mesa para o almoço, lavar os potes, pincéis e colaborar na limpeza do espaço que usou.
7 anos: As responsabilidades aumentam. Já conseguem entender que fazem parte de um grupo, suas ações individuais podem interferir na convivência. A escola pode planejar momentos em que a criança vivencie acampamentos, quando terão que preparar sua mala, vestir-se e amarrar seus tênis, dobrar suas roupas, tomar banho, arrumar a cama pela manhã, entre outras atividades. Os desafios lógicos, como as adivinhas, são momentos de diversão e aprendizagem, e exercitam de forma complexa a busca de soluções.
8 anos: Com pensamento mais organizado e lógico, aos 8 anos as crianças possuem maior capacidade de atenção e concentração. Compreendem conceitos e gostam de explicações detalhadas. Na escola, sua independência pode ser exercitada ao se dirigirem sozinhos para diferentes ambientes, comprarem o lanche com dinheiro e administrar o troco na cantina.
9 anos: Crianças de 9 anos têm muitos interesses e adoram alcançar êxitos. As orientações mais complexas para atividades escolares, de organização pessoal e do tempo, são incentivos para a construção de sua individualidade. Uma maneira de estimular a independência é propor que estudem para as provas.
10 anos: As escolhas estão sempre relacionadas à liberdade e à responsabilidade, uma vez que regras já estão internalizadas. A partir da mobilização sobre questões além do seu âmbito familiar e escolar, elas podem ter iniciativas próprias em ações mais amplas, como divulgar em seu condomínio uma campanha social iniciada na escola.